São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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Ano quebrou a rigidez esquemática do fut

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, 1995 foi, apesar de quase nenhum avanço nos sistemas organizativos e administrativos do futebol brasileiros, e apesar da violência das torcidas, marcadamente em São Paulo, um ano bom para o futebol.
Quando o Brasil se sagrou -com mérito, mas sem brilhantismo- tetracampeão do mundo na Copa do Mundo de 94, disputada nos EUA, ficou a impressão de que o tipo de futebol praticado pela seleção de Carlos Alberto Parreira, aquele em que o gol não era o objetivo máximo do futebol, seria o modelo hegemônico nos quatro cantos do mundo.
Pois bem, para a felicidade ampla, geral e irrestrita das magnéticas de todas a etnias, o ano de 1995 quebrou a rigidez esquemática da rígida formatação do futebol, da quadratura tática do 4-4-2.
O maior rompimento ocorreu com a própria camisa canarinha da seleção brasileira. O velho Lobo do fut Mario Jorge Zagallo, que, antes da Copa de 94 chegou a declarar que, no futuro, o futebol não teria atacantes, surpreendeu a todos montando um esquema mais ofensivo para o time brasileiro.
Astuto, Zagallo percebeu que, naturalmente, criava-se condições para um impulso dos modelos mais ofensivos no Brasil, uma vez que as forças de trabalho que se repunham tinham uma tecnologia vocacionada para marcar gols.
O melhor da novíssima geração do futebol brasileiro é a teen-bolada que gosta do futebol ofensivo e o velho Lobo do fut está procurando um esquema que aproveite o melhor das forças brasileiras.
Na Europa, também, em 1995, o futebol ofensivo prevaleceu, principalmente até o meio do ano, quando terminou a temporada que se iniciou após a final da Copa de do ano passado nos EUA.
Na Itália, onde três atacantes era considerado ofensivo ao futebol, a equipe da Juventus, com o treinador Marcelo Lippi, sagrou-se campeã usando um esquema bastante ofensivo (tá certo que, depois da conquista, o futebol da Juve não voltou a se encontrar, mas isto não invalida a tese aqui demonstrada).
Na Espanha, o Real Madrid, outro time que voltou a não encontrar o seu bom futebol neste segundo semestre, com um time bastante agressivo, ficou com o campeonato nacional, depois de um longa hegemonia do ofensivo Barcelona, do treinador holandês Johann Cruyff.
Até na Inglaterra, o país símbolo do futebol-força, do esquema conhecido como toque e corra, registra-se uma tendência para "caçar talentos" que possam ter uma técnica mais apurada, um futebol mais espetaculoso e, por consequência, com maior número de gols.
Tudo isso para não falar do Ajax, o time da metade da década de 90, ganhador de tudo que participa e que mantém a incrível média de quase quatro gols marcados em cada partida que disputa.
Acho que vários fatores contribuíram para este renascimento do futebol ofensivo pós-94, e os três pontos por vitória são uma contribuição importante.
O fut-futuro está sob o império do renascimento do gol. Feliz natal.

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