São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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Desastre aéreo matou refugiados, diz Unita

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A guerrilha angolana Unita revelou que havia fretado o avião que caiu segunda-feira no sudeste do país, matando pelo menos 139 pessoas. O Electra da Trans Service Airlift (Zaire) transportava provavelmente refugiados de guerra.
Segundo a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), o avião levava para o Zaire 137 passageiros, a maioria mulheres e crianças, que fugiam da guerra civil na Província de Cuando-Cubango.
Ele teria caído dois minutos depois de decolar de Jamba. Havia ainda sete tripulantes.
O governo angolano, que combate a Unita, tem outra versão: o avião seria realmente fretado pela guerrilha, mas seus passageiros seriam contrabandistas de diamantes.
Teria havido grande preocupação com o acidente entre os contrabandistas zairenses.
O acesso das equipes de socorro a Jamba, antigo quartel-general da Unita, teria sido negado.
Houve cinco sobreviventes no acidente, o mais grave do ano no mundo. Segundo controladores de vôo do Zaire, o avião não tinha permissão para sobrevoar o território angolano, um indício de que seria realmente fretado pelos guerrilheiros da Unita.
O governo do Zaire dizia inicialmente que o avião teria caído no norte de Angola, na Província de Lunda Norte, e não no centro-sul, como afirma a Unita.
A Unita diz que teve de fretar um avião para retirar os refugiados porque não recebeu resposta da comunidade internacional em seu apelo pelas populações da região.
Nem a Unita nem os governos do Zaire ou de Angola levantaram hipóteses sobre os motivos do acidente de segunda-feira.
O Electra é um avião turboélice que começou a ser fabricado pela empresa Lockheed em 1959. Até 1992, ele era usado no Brasil, na ponte aérea Rio-São Paulo.
A guerrilha Unita combate o governo formado pelo MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) desde a independência do país, em 1975.
Neste ano, tropas da ONU, formadas inclusive por brasileiros, se instalaram em Angola para supervisionar um acordo de paz que pôs fim à guerra.
Pelo acordo, as forças da Unita devem entregar suas armas, e uma parte dos guerrilheiros será integrada ao Exército angolano.
O governo é formado pelo MPLA. Algumas áreas do país, entretanto, continuam sob domínio dos guerrilheiros.

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