São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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Senado aprova ação judicial contra Clinton

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Erramos: 26/12/95
O Senado dos EUA decidiu na noite de ontem autorizar um recurso à Justiça para que o presidente Bill Clinton entregue documentos confidenciais seus. Eles estão ligados ao caso Whitewater, um escândalo envolvendo bens imobiliários no tempo em que Clinton era governador do Arkansas.
Clinton alega que a entrega dos papéis fere o sigilo das relações entre cliente e advogado. A comissão do Congresso que analisa o caso agora pode recorrer à Justiça para conseguir os documentos.
A decisão foi tomada por 51 votos a 45 e pode levar a uma disputa na Suprema Corte entre o Senado e o presidente. Os documentos seriam notas tomadas em 1993 por William Kennedy, ex-assessor do governo, durante uma reunião entre Clinton e seus advogados.
O presidente do comitê que investiga o caso, o republicano Alfonse D'Amato, disse que vai aceitar a entrega dos documentos, sem recorrer à Justiça, mesmo após a votação. A ação judicial já havia sido aprovada na Câmara dos Representantes (deputados) e representa uma das piores derrotas de Clinton no Congresso.
D'Amato comparou a recusa de Clinton à atitude do presidente Richard Nixon, que não quis entregar gravações relativas ao caso Watergate. A Suprema Corte afinal obrigou a entrega e Nixon renunciou, em 1974.
À tarde, Clinton já havia tido outro embate com os líderes da oposição ao cancelar de maneira abrupta reunião sobre a questão do Orçamento do governo federal.
Com ostensivo mau humor, o presidente acusou "minoria de extremistas" no Partido Republicano, de oposição, pelo incidente.
O impasse sobre o Orçamento federal, que começara a se dissipar após encontro anteontem entre o presidente Clinton e seus opositores, permanece.
Parlamentares do Partido Republicano ficaram furiosos com entrevista do vice-presidente Al Gore, em que ele negava que o governo tenha fixado o fim do ano como prazo para o encerramento da crise, como haviam dito o senador Bob Dole e do presidente da Câmara, Newt Gingrich, ambos da oposição.
Há seis dias cerca de 260 mil funcionários públicos federais estão sem trabalhar. Se nenhuma solução for encontrada até hoje, 3,3 milhões de veteranos de guerra vão receber suas pensões de dezembro atrasadas.
O presidente prometeu conversar por telefone com Gingrich e Dole para tentar resolver pelo menos o problema dos veteranos durante o dia de hoje.
Mas ele próprio tem dificuldades para controlar seus partidários: 89 deles se aliaram ontem à oposição na Câmara para derrubar pela primeira vez um veto presidencial, em lei sem relação com a questão do Orçamento. Muitos deles dizem que poderão agir assim de novo para derrubar vetos presidenciais na questão do Orçamento.

Com agências internacionais

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