São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995 |
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Bibliotecas definiram opção de historiador
CLAUDIO GARON
Autor de cinco livros sobre Recife e Pernambuco na época colonial, é um dos principais especialistas na história do período, em especial do Nordeste. Como afirma a historiadora Laura de Mello e Souza na orelha de "A Fronda dos Mazombos", obra mais recente de Cabral de Mello, sua trajetória é brilhante e a leitura de seus livros, "obrigatória para quem deseja conhecer nosso passado". Limitado pelas constantes remoções da carreira diplomática, Cabral de Mello afirma que no Rio não precisa ter em casa todos os livros necessários às pesquisas. "Aqui, se eu tiver um problema bibliográfico, vou à biblioteca do Itamaraty, se não resolver, ao Instituto Histórico. Se não resolver, como algumas coisas que eu preciso de Portugal, vou ao Gabinete Português de Leitura. A biblioteca do Itamaraty, aliás, é alvo de vários elogios de Cabral de Mello: "Nela há acervos importantes, como parte da biblioteca que foi do Varnhagen, do Nabuco -que incorpora livros que pertenceram ao pai dele-, do próprio Rio Branco". "De lá para cá, o Itamaraty sempre teve o cuidado de atualizar as coleções. Por exemplo, a biblioteca tem a coleção completa de uma revista chamada 'O Instituto', que foi publicada em Coimbra de finais do século passado até por volta de 1940." No caso de alguma obra rara ou de algum manuscrito, o historiador recorre à recém-reformada Biblioteca Nacional. Além das bibliotecas, pesou na decisão de Cabral de Mello a proximidade com a praia. "São Paulo tem grandes defeitos e grandes qualidades. O maior defeito, e é talvez o que mais tenha pesado, é ficar longe do mar." Ainda que admita não ser frequentador assíduo da praia, já que detesta o Sol na cabeça, diz que "a visão do mar faz bem quando está chateado ou deprimido". Apesar do efeito depressivo da montanha, ele diz que a combinação desta com o mar no Rio é "formidável, felicíssima". Ao falar da natureza, Cabral de Mello critica a tropical, que só seria bonita aos olhos do ufanismo brasileiro. "A natureza tropical não é absolutamente radiosa. Ela esmaga pelo excesso". Texto Anterior: Historiador apóia rua Tom Jobim Próximo Texto: Hotéis têm poucas vagas para o fim de ano Índice |
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