São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995 |
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Há sempre um pouco do melhor na cidade
FERNANDO MOLICA
Assaltos? Há alguns. Assim como há tubarões na Austrália, terremotos no Japão e parisienses em Paris -tudo isso é chato e eventualmente perigoso, mas nada que justifique cancelar a viagem. Se você vier de avião, duas dicas: a tarifa São Paulo-Rio via Guarulhos é bem mais barata do que a da ponte aérea. Além disso, caso você desembarque no aeroporto Santos-Dumont, procure pegar um táxi que esteja deixando passageiro no setor de embarque -ainda não foi descoberta a cura para o vírus que há anos tende a acelerar os taxímetros dos automóveis que fazem ponto no desembarque desse aeroporto. Agora, vamos à praia. Do Leme a até um pouco além do Pontal são cerca de 30 quilômetros de praias oceânicas. Qual a melhor? Depende. Na hora do mergulho, as da Barra são, de longe, as melhores. Na Barra, o referencial é a barraca do Pepê, a cerca de um quilômetro do início da avenida Sernambetiba. Até o início do verão passado, o ponto badalado era o que ficava em frente à barraca. A notícia se espalhou e, sabe-se lá como, o ponto foi dividido em dois: legal é ficar um pouco além ou um pouco aquém do Pepê. Em Ipanema, o quesito água perde alguns pontos. Mas, no item calçadão, o bairro permanece imbatível. Isso vale para os fins de tarde e, nos domingos e feriados, durante todo o dia. É que, nesses dias, a pista interna da avenida Vieira Souto fica fechada aos automóveis e vira um palco de democracia à beira-mar: é bom para andar, patinar, correr, pedalar, empurrar carrinhos de bebês. Isso vale também para a orla do Leblon e para a de Copacabana. No pós-praia, bom mesmo é comer bolinho de bacalhau e beber chope no Bracarense (rua José Linhares, quase esquina da Ataulfo de Paiva, no Leblon). É um boteco. Ilustre representante de uma das melhores tradições cariocas: o singular chope no balcão. Como opções, a Universidade do Chopp e a Academia da Cachaça, ambos no estilo boteco-chique, no "Baixo Bernadote" -concentração de bares na rua Conde Bernadote, no Leblon. Entre as churrascarias-rodízio, vale experimentar o Porcão de Ipanema (rua Barão da Torre, 218) e a Marius do Leme (avenida Atlântica, 290-B). Ainda nas carnes, mas fora do esquema rodízio, uma boa opção é a Majórica (rua Senador Vergueiro, 11/15). O acidente em que se envolveu o jogador Edmundo revelou dois dos mais badalados pontos da noite carioca: o bar e pizzaria Skipper (rua Dias Ferreira, 57, Leblon) e o El Turf (na sede do Jockey Club, na Gávea). Ambos frequentados principalmente pelos que têm mais de 15 e menos de 30 anos. O primeiro é uma filial do existente em Búzios: mistura "scarpins" com chinelos ainda sujos de areia. Misto de bar e danceteria, o El Turf é assim, como dizer?, mais tradicional -é o preferido daquele povo que pulou do Fusca para o BMW sem fazer escala em um Monza. Há também os ensaios de escolas de samba. Os mais animados costumam ser os do Salgueiro. A quadra fica na rua Silva Teles, 104, entre Tijuca e vila Isabel. Na linha carioca-pobre-cult, vale conferir o cabaré Kalesa (rua Sacadura Cabral, 61, praça Mauá, centro). Como o nome diz, é um cabaré com stripteases e vídeos pornôs. Mas é também uma das mais divertidas pistas da cidade. Em eventuais quintas-feiras, ocorrem ali noites dedicadas aos gays, lésbicas e simpatizantes. Nenhuma das alternativas anteriores? Então vá às sextas ou sábados. A pista mais badalada do Rio não fica em uma danceteria, mas no clube Condomínio (rua Abreu Fialho, 12, Horto). É ali que, quase sempre nas primeiras sextas-feiras de cada mês, ocorre a festa Ronca Ronca, comandada pelo DJ Maurício Valadares. É bom até para quem não dança: nas noites de festa, a rua em frente é invadida por uma quase multidão que passa horas paquerando e bebendo cerveja -na lata, como diria Fernanda Abreu. Texto Anterior: Roteiro alternativo foge do cartão-postal Próximo Texto: Parque de 1783 é uma marca do Rio capital Índice |
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