São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995 |
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Malan quer luta contra inflação e prevê crescimento de 4% em 96
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou ontem que a luta contra a inflação permanece, 18 meses após o início do Plano Real. "Não abriremos mão de manter a inflação em trajetória de queda. A batalha ainda não foi ganha", afirmou Pedro Malan em entrevista coletiva.Malan disse que a decisão do Senado de aumentar os salários dos seus servidores -nenhum dos seus funcionários receberá menos do que R$ 1.500 por mês- foi imprópria. "Não podemos ter a discussão de recuperação de perdas do passado ou ganhos nominais. Estaremos discutindo a impropriedade desse tipo de aumento", disse. Acompanhado do secretário de Política Econômica de seu ministério, José Roberto Mendonça de Barros, Malan apresentou números para mostrar o aumento do poder aquisitivo da população mais carente. O consumo individual de frango cresceu 24,4% este ano, quando comparado com a média de 1993. Também aumentou o consumo dos seguintes produtos: carnes (12%), ovos (21%), óleo de soja (9,2%), milho (12,2%) e feijão (14,7%). Isso mostra, segundo Mendonça de Barros, que houve uma redistribuição de renda em favor daquelas pessoas com menor poder aquisitivo e que eram justamente as que mais perdiam com a inflação alta. O preço da energia elétrica industrial teve queda real (descontada a inflação) desde julho de 94. Foi de 5,7% em São Paulo, 15,8% no Rio de Janeiro e de 14,2% em Minas Gerais, conforme os dados do governo. Isso mostra, segundo o ministro Malan, que as tarifas de eletricidade não foram corrigidas com base na inflação passada e reduz o custo das empresas. Documento divulgado por Malan com o balanço do Plano Real mostra que o déficit de todo o setor público até outubro, de R$ 20,6 bilhões, era de 4,36% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos no país durante um ano). O pior resultado foi o dos Estados e municípios (déficit de 2,68%, equivalente a R$ 12,5 bilhões). Veja a seguir outros trechos da entrevista. PIB E INFLAÇÃO "O PIB (Produto Interno Bruto) de 1995 deve fechar o ano com um crescimento pouco superior a 4% neste ano. A taxa de crescimento para 1996 também será moderada e deve ficar próxima do previsto para este ano. O ano vai começar mais devagar e crescer lentamente, sem sobressaltos". "Estamos convencidos de que a inflação em 96 será menor que a de 95. O controle da inflação era e é uma preocupação constante. Mas não é nosso único objetivo. Queremos um crescimento auto-sustentado. Precisamos também elevar a taxa de poupança interna e reduzir o déficit público global". FLEXIBILIZAÇÃO "O aperto chegou ao seu ápice em meados do ano. Estamos fazendo hoje o que falamos que iríamos fazer. O que sempre discutimos foi a intensidade. Sempre houve concordância na direção a ser adotada. Não há perigo de acontecer uma explosão de consumo". SERVIDOR PÚBLICO "Temos de levar em conta a situação fiscal do governo. Não existe uma decisão sobre o reajuste do servidor em janeiro. Quando houver, ela será anunciada. A questão do reajuste do salário mínimo só será discutida em maio de 96". ESTADOS "A implantação do programa de ajuste fiscal dos Estados vai mudar a relação deles com o governo federal. Vai envolver uma reforma patrimonial. A renegociação da dívida mobiliária (com títulos) está em curso e está sendo bem encaminhada. Vai envolver a privatização de bens estaduais". Texto Anterior: Juros custam 406% a mais que o crédito rural Próximo Texto: Economistas consideram previsão exagerada Índice |
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