São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Juros custam 406% a mais que o crédito rural

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os R$ 3,2 bilhões que o Banco do Brasil liberou para financiar o setor agrícola neste ano -a instituição promete investir o mesmo valor em 1996- são muito inferiores aos gastos do governo federal com os juros das dívidas interna e externa.
Segundo dados do Departamento Econômico do Banco Central, entre janeiro e outubro de 1995 foram gastos cerca de R$ 16,2 bilhões com o pagamento de juros da dívida externa e com a remuneração dos títulos públicos federais.
Ou seja, os juros consumiram 406,25% a mais em recursos federais do que o setor agrícola.
Os gastos na agricultura também são muito inferiores ao dinheiro que o governo deve liberar para os bancos por meio do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), o programa oficial de incentivo às fusões e incorporações de bancos.
Apenas para o saneamento da "parte ruim" do Banco Nacional -que ficou sob intervenção do BC após a fusão da "parte boa" com o Unibanco-, já foi autorizada uma linha de crédito de R$ 4,128 bilhões (ou 29% a mais do que os gastos com a agricultura).
Na prática, o Nacional já utilizou cerca de R$ 2 bilhões da linha de crédito, negociada dentro do Proer.
O Banespa, banco oficial paulista que está sob intervenção federal desde dezembro do ano passado, também deverá levar um maior volume de recursos oficiais do que todo o setor agrícola.
Pelo acordo que está sendo costurado com a equipe econômica, o Tesouro Nacional emitirá cerca de R$ 7 bilhões em títulos, que serão repassados ao governo paulista para que seja quitada parte da dívida que ele tem junto ao Banespa -estimada em aproximadamente R$ 14 bilhões.
Essa emissão de títulos aumentará, no mesmo volume, o endividamento interno do governo federal.

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