São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preço do remédio cai; investimento cresce

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da queda nos preços reais dos remédios desde o início do Plano Real, a indústria está otimista e investindo mais no país, segundo o presidente da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica), José Eduardo Bandeira de Mello.
Os preços, segundo levantamento da Abifarma, subiram 18,8% do início do Real até novembro, na comparação com uma inflação de 43,9% no período (medida pelo IPC da Fipe).
Isso significa uma redução, em termos reais, de 21,10%.
Com preços menores, os remédios se tornam mais acessíveis, e as vendas cresceram em volume, 16,4% até novembro de 95 frente ao mesmo período de 94. O total vendido em 95, até novembro, foi de 1,77 bilhões de unidades.
O faturamento, no período, aumentou 28,2%, totalizando R$ 8,23 bilhões.
"O consumidor vai à farmácia e cumpre sua receita integralmente. Antes, dos três remédios indicados pelo médico, só um, o mais barato, era adquirido na farmácia", diz Bandeira de Mello.
Além do aumento do mercado interno, o Mercosul também contribui para que a indústria farmacêutica volte seus investimentos ao Brasil. "Muitas empresas norte-americanas, por exemplo, sabendo que o Mercosul tem preferência na União Européia, vão passar a produzir remédios aqui", afirma.
A Glaxo, diz Bandeira de Mello, fechou 14 fábricas no mundo todo mas está construindo uma no Brasil. A empresa, segundo ele, já anunciou investimentos de R$ 111 milhões em três anos no país.
As 78 associadas da Abifarma, que representam 96% do mercado brasileiro, investiram R$ 250 milhões no Brasil em 95, mais do que os R$ 180 milhões de 94. Para 96, as previsões de Bandeira de Mello são de investimentos da ordem de R$ 350 milhões.
Com isso, o nível de emprego no setor tem crescido ano a ano, fechando 95 com 46.800 trabalhadores empregados, 8,7% a mais do que em 92.
Varejo
No varejo, o Plano Real provocou a criação de cooperativas entre as pequenas farmácias.
Pedro Navarro, presidente da recém-criada Associação das Farmácias e Drogarias Independentes, com 115 filiadas, explica que no início do Real cerca de 300 pequenas drogarias fecharam pois não conseguiam praticar os descontos das grandes redes. "A indústria dá descontos de até 18% em troca das compras em grandes quantidades, que nós, pequenas farmácias, só conseguimos depois de realizarmos compra conjunta."

Texto Anterior: Ford prevê vendas até 25% maiores em 1996
Próximo Texto: Bayer aumenta faturamento e lucra menos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.