São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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A valsa do adeus

JUCA KFOURI

Só faltou tirar um colombiano para dançar no primeiro tempo. Mas, desentendidos, eles resolveram fazer até gol. Não dava mais para fingir de jogar bola.
Daí, no segundo tempo, com um esforço que Zagallo corretamente chamou de superação, o Brasil marcou três, dois de Túlio, o pagador de promessas.
Com cadência de valsa, um brilhareco aqui, uma paradinha ali, que ninguém é de ferro, a seleção de despediu de 1995 sem conhecer derrota.
Zagallo colhe com competência o que Parreira plantou. O tetra trouxe a tranquilidade necessária para que a seleção voltasse a jogar o futebol que o país aprecia.

Pouco mais de 20 anos atrás, exatamente em junho de 1975, o Cruzeiro perdeu a chance de disputar a final da Taça Libertadores contra o fraco Unión Española, do Chile, em circunstâncias muito parecidas com a humilhante derrota sofrida pelo Atlético-MG na Taça Conmebol.
Então, o time azul das Minas Gerais viajou para a Argentina, onde enfrentaria o mesmo Rosário Central que bateu no Galo e o Independiente.
Tinha quatro pontos de vantagem e quatro gols de saldo. Bastaria empatar um jogo ou, até mesmo, perder os dois por menos de quatro gols que estaria com a mão na taça.
E tinha Raul, Nelinho, Piazza, Palhinha, Eduardo, Dirceu Lopes, Joãozinho, um timaço. Mas perdeu, vergonhosamente, por 3 a 1 para o Rosário Central e por 3 a 0 para o Independiente, que viria a ser o campeão. Até gol olímpico tomou.
Agora foi a vez do Atlético. Podia perder de três, perdeu de quatro e nos penais. Uma vergonha. Menos mal que não fez o cai-cai que marcou o ano de seu mais tradicional rival.
A Taça Conmebol ficará com uma triste lembrança de 1995 para os atleticanos e para os corintianos, eliminados, de virada, pelo América de Cali com apenas dez jogadores.

Errar é humano, ser cínico é revoltante. O árbitro mineiro Márcio Rezende de Freitas -definitivamente Minas Gerais, neste ano, não está onde sempre esteve- disse à Rede Manchete que, se os dois gols validados na decisão do Campeonato Brasileiro foram ilegais, fica tudo bem, porque 0 a 0 é igual a 1 a 1.
E o gol legal de Camanducaia que ele anulou? Esqueceu?
Menos mal que o árbitro tenha melhorado sua média no jogo da seleção em Manaus: validou apenas um gol ilegal.

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