São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Já chegou nova dramaturgia do Brasil

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Está aí, chegou já tem algum tempo, a nova dramaturgia do Brasil.
Não é de fácil identificação quanto à forma, porque não existe uma nova forma.
Sobre a nova dramaturgia, Frank Rich, então crítico do "The New York Times", escrevia no ano passado que o que mudou "foi a qualidade e a textura do teatro americano, que se tornou mais diverso em estilo, origem étnica e temas".
A nova dramaturgia "não reflete mais uma sociedade homogênea". No Brasil, a nova dramaturgia também tornou o teatro mais diverso, certamente em temas e estilo, nem tanto em origem étnica, mas um pouco em origem cultural, ou regional.
No multiculturalismo à brasileira, o que Frank Rich escreveu sobre o homossexual Tony Kushner, autor de "Angels in America (91), e o encenador negro George Wolfe, pode ser repetido sobre o pernambucano Romero de Andrade Lima, autor de "Auto da Paixão (93), e o encenador mineiro Gabriel Villela.
A nova dramaturgia, aqui como lá, apareceu com a virada da década. "Tutankaton", de Otavio Frias Filho, foi a peça que deu corpo à diversidade formal e temática que estava surgindo.
A atriz Bete Coelho, que participou das leituras de apresentação da peça em 91, dirigidas por Gabriel Villela, e da montagem de "Rancor" (93), descreve o autor como "uma mistura".
Diz ela, "ele é muito polivalente. Se pegar as peças, você vai ter 'Tutankaton', que lembra Shakespeare, depois tem outras que lembram Nelson Rodrigues. Ele tem este talento, a diversidade."
Sobre "Tutankaton" em especial, que considera "a melhor peça" de Otavio Frias Filho, ela diz que o texto "vai do lirismo à coisa mais trágica".
Outro ator, Jairo Mattos, que protagonizou "I Love" (93), de Beatriz Azevedo, e "Budro" (94) e "Atos e Omissões" (95), de Bosco Brasil, descreve as diferenças destes dois outros autores da nova dramaturgia.
"A Bia é poeta e tem um sentimento de poeta. Ela nunca se apaixona pela metade, não só nos amores da vida dela, mas no trabalho, o fato de escrever, de compor. É uma garota muito jovem. Esta nossa geração, ela tem este privilégio, este vigor da paixão."
Bosco Brasil, por outro lado, "tem a preocupação com a coisa urbana. É uma reflexão em relação à cidade, ao urbano. Ele vai fundo em algumas feridas, que eu não sei se as pessoas querem comungar, mas que sempre têm um resultado forte, no teatro."

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sobre a nova dramaturgia à pág. 5-3

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