São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995 |
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Cocaína extrapola zona sul e atinge a periferia do Rio
SERGIO TORRES
Mesmo em Ipanema, bairro nobre da zona sul carioca, o consumo de cocaína por pessoas de classes sociais mais baixas também é grande, conforme indicam as reuniões do grupo de ajuda mútua NA (Narcóticos Anônimos). Maior grupo dos NA na América Latina, o de Ipanema reúne 80 dependentes de drogas. As reuniões ocorrem quatro vezes por semana na igreja Nossa Senhora da Paz. De cada três participantes dos encontros, dois moram em favelas. Em dez anos de funcionamento, o Nepad da UERJ atendeu cerca de 7.000 usuários de drogas. Diretora do Nepad, a psiquiatra Maria Thereza de Aquino disse à Folha que o perfil inicial do consumidor de cocaína que procurava a instituição era o indivíduo com idade em torno de 25 anos, alfabetizado, desempregado e membro de uma família de classe média baixa. "A idade média do pessoal que nos procura baixou de forma dramática desde então. Hoje, está em torno de 17 anos", afirma. Este ano, em pesquisa financiada este ano pela ONU (Organização das Nações Unidas) em escolas de 1º e 2º graus, o Nepad fixou em 13,7 anos a idade média do estudante de 11 a 18 anos que consome cocaína na zona norte. A maioria dos alunos questionados mora em favelas. Na pesquisa, 3,5% admitiram fazer uso regular de cocaína. A pesquisa revela que há crianças de 10 anos que já cheiram a droga de modo rotineiro. A partir de 96, será pesquisado o consumo na zona sul. Com base nos resultados nas zona norte e sul, o Nepad poderá, ainda em 96, esboçar o número aproximado de consumidores de drogas no Rio. Texto Anterior: Farmácia vendia coca e maconha até 1938 Próximo Texto: Estudante foi internado 11 vezes Índice |
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