São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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Idéia surgiu há um século

DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento judaico-messiânico teve origem no final do século passado, com a fundação, na Inglaterra, da Aliança Judaico-Cristã Internacional, que pregava a crença em Jesus Cristo como o Messias prometido pelo Antigo Testamento sem abandonar as tradições judaicas.
Na década de 60, um judeu convertido ao cristianismo, Moishe Roisen, fundou nos EUA o "Jews for Jesus", grupo missionário que tinha como objetivo "evangelizar" judeus e incentivou a criação de diversas comunidades judaico-cristãs.
No Brasil, o movimento ainda é recente. Em São Paulo, há duas comunidades e no Rio de Janeiro o Templo Aron Kodesh, primeira congregação judaico-messiânica da cidade, começou a funcionar há poucos meses.
Para o professor de teologia da PUC-SP Edin Sued Abumanssur, 39, a idéia do judaísmo messiânico é aparentemente contraditória. "Os judeus vivem muito da esperança na vinda do messias. É estranho que um grupo de judeus acredite que ele já veio", diz.
"Jesus dizia que era o messias que os judeus esperavam, mas nunca foi reconhecido", afirma.
Segundo ele, o cristianismo no início era considerado uma seita judaica, de pessoas que acreditaram em Cristo. "O apóstolo Paulo, que era judeu, fez a diferenciação, criando a religião", disse.
Leonildo Silveira Campos, 48, professor de sociologia da religião do Instituto Metodista de Ensino Superior, diz que o aparecimento do judaísmo messiânico pode ser creditado ao trabalho de evangelização realizado pelas igrejas evangélicas.
"Os protestantes, principalmente os batistas, crêem que o Dia do Juízo Final virá somente quando todos os judeus aceitarem Jesus Cristo como o Messias", afirma.
Segundo ele, diversas igrejas evangélicas se utilizam de símbolos judaicos para atrair os judeus.
"Essa idéia messiânica foi levada de fora para dentro para o judaísmo. Os judeus messiânicos estão bem mais próximos dos evangélicos do que dos próprios judeus", afirma.

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