São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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Caso brasileiro será testado

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1991, na cidade de Cuiabá, Mato Grosso, um mecânico de 87 anos alegava ser o filho perdido na tragédia dos Romanov.
Seu nome é Alexis Nicolau Romanov e, em 1996, uma amostra de seu sangue será enviada a Peter Gill em Londres para um teste, a pedido de Dagmar Medeiros, médico do IML de Cuiabá: "A única maneira de acabar com toda essa história é realizar logo essas comparações entre as ossadas e o sangue de Alexis Nicolau".
Segundo relatos dos próprios executores dos Romanov, os corpos de Alexis e também de Anastássia teriam sido queimados. E não enterrados junto a seus pais.
Sérgio Danilo Pena, geneticista da Universidade Federal de Minas Gerais, conhece bem as pesquisas sobre os Romanov. Pena chegou a convidar o cientista russo Pavel Ivanov para dar aulas no Brasil.
Para ele, a possibilidade de uma heteroplasmia implicar erro nos testes de DNA realizados com as ossadas é nula: "Na verdade acho que as críticas feitas por Maples não são sérias. Peter Gill é um cientista extremamente cuidadoso e possui uma reputação intocável", diz.
Sobre a falibilidade do teste com DNA, Pena é ainda mais incisivo: "No caso dos Romanov, o que acaba sendo mostrado é que o teste é extremamente confiável.
Segundo ele, apesar da heterosplamia de Nicolau 2º, de forma alguma se pode colocar em dúvida a veracidade da pesquisas.
"O DNA do osso, do fêmur, diferia em sete posições. Uma das posições dava duas bases, uma ambiguidade. Se essa ambiguidade fosse fruto de uma contaminação, teria necessariamente que haver contaminação nas outras posições. Certamemte esse é um problema mais político que científico", diz.
Outra questão descartada por Pena é uma certa disputa dos dois métodos mais usados na medicina forense. A sobreposição de fotos para o estudo das ossadas e os testes de DNA: "Acredito na verdade que os dois sejam complementares".
Devido a sua proximidade com os pesquisadores que realizaram o trabalho com as ossadas dos Romanov em Londres, Pena foi procurado por Dagmar Medeiros sobre a história do suposto Alexis Nicolau de Cuiabá. "Realmente não acredito nessa possibilidade", conclui o pesquisador.
(MR)

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