São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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DF tem os chefes com mais anos de estudo

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Distrito Federal é a região do país onde há a maior concentração de domicílios cujo chefe tem 15 anos ou mais de estudo -o que corresponde a ter feito um curso universitário-, mostram os novos dados do Censo de 1991 do IBGE.
Mesmo assim, apenas 15,03% dos chefes de família do Distrito Federal chegaram a essa formação. O indicador dos anos de estudo do chefe da família é relevante para se projetar a possibilidade de ascensão social dos grupos familiares.
Na média brasileira, apenas 5,7% das famílias tem um chefe com 15 anos ou mais de estudo.
O segundo colocado nessa lista é o Estado do Rio de Janeiro, que, mesmo assim, tem apenas duas vezes a média do país: 10,24%. São Paulo vem depois, com 8,35%.
O mapa desses dados reproduz outros que apontam a como se dá a distribuição de miséria pelo Brasil: o Norte e Nordeste tem apenas 3% dos chefes de família com formação superior, contra 8%, em média, nos Estados do Sudeste.
A exceção fica com Pernambuco, que, pelo menos nesse indicador, se coloca ao lado de Minas Gerais e Espírito Santo (veja quadro à direita).
Os dados de analfabetismo divulgados este ano pelo IBGE formam um quadro ainda mais "miserável". A partir desses dados, a projeção que o instituto faz é que só em 2030 o analfabetismo será totalmente eliminado.
Analfabetismo
O maior problema é que a informação sobre população analfabeta levantada pelo Censo é questionada pela maioria dos especialistas da área.
Para o IBGE, o Brasil tinha 19.233.758 pessoas analfabetas com mais de 15 anos de idade em 1991, ou seja 20,07% da população dessa faixa etária.
Mas o instituto, ao fazer o Censo, pergunta às pessoas se elas sabem ler ou escrever um bilhete. Se se considerar o uso da leitura e da escrita no dia-a-dia (o que em termos técnicos se chama de alfabetização funcional), o país teria mais de 40% da população analfabeta.
A tabela sobre analfabetismo colocada há poucos dias na Internet pelo IBGE mostra que 25,15% da população está nessa categoria e não 20,07%, como foi divulgado em junho.
Mas isso se deve a uma falha do próprio instituto e não dos dados do Censo. A tabela sobre analfabetismo que está na Internet cobre a população de cinco anos ou mais de idade (embora isso não esteja escrito). Quem trabalha na área de educação, não considera, na composição desse indicador, os jovens de 5 a 14 anos.

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