São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995 |
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Criança tem atração e medo do desconhecido
FERNANDO ROSSETTI
A experiência traz um misto de atração e medo. Um medo que muitos pais não respeitam, embora ele esteja inscrito evolucionariamente na espécie humana como mecanismo de sobrevivência em situações desconhecidas. "A criança sente estranhamento frente ao que não é habitual. É o mesmo com o Papai Noel, um palhaço de circo ou um personagem de teatro", afirma Ana Maria Sigal, do Sedes Sapientiae. "É uma violência à criança querer aproximá-la à força do Papai Noel", diz. "Os pais tendem a achar que o que é bom para eles é bom para as crianças." Segundo a psicanalista Miriam Debieux Rosa, "as crianças podem ser preparadas para enfrentar esse tipo de situação". Se alguém for à festa vestido de Papai Noel, pode-se, por exemplo, inventar uma história sobre como o Papai Noel faz visitas. E que depois ele também vai embora. "Falar antes sobre o que vai ocorrer ajuda a criança a entender. Os adultos muitas vezes se esquecem de contar às crianças o que está acontecendo", diz Debieux. Pode-se até fazer uma brincadeira em que as crianças participam do ritual de vestir um Papai Noel. Como realidade e fantasia se misturam, quando o Papai Noel ficar pronto ele vira "de verdade". Quanto mais nova a criança ou fecundo seu mundo de fantasias, mais "de verdade" será esse Papai Noel que elas mesmas vestiram. Com 3 ou 4 anos, elas podem ter medo do Papai Noel mesmo que tenham vestido o próprio pai. "Com crianças pequenas não ajuda nada vestir máscaras. Pode ser uma situação muito assustadora. Elas não conseguem entender", diz William Ayres. (FR) Texto Anterior: "Acho que não existe, mas existe" Próximo Texto: Polícia liberta empresário sequestrado há 5 dias no Rio Índice |
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