São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Famílias rejeitam harmonia natalina

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia de Natal, entre vários filmes com ou sobre Papai Noel, duas comédias se destacam por romper o espírito de harmonia que parece rimar com o conceito de família na época das festas.
A Bandeirantes exibe "Parente é Serpente" (23h) do italiano Mario Monicelli, o que talvez seja o último filme desse grande diretor. O que se espera de um filme de Monicelli é a graça calcada na caricatura e no exagero.
"Parente" não foge à regra interna, mas dessa vez coloca em evidência algo que nos filmes anteriores do diretor era apenas levemente sugerido: o tom de amargura que acompanha o riso provocado pelo ridículo.
Estamos a rigor em uma situação limite: uma família se reúne na noite de Natal com os avós. O que acontece em seguida é pura catarse.
Todos os dramas subterrâneos vividos pelos parentes explodem quando já não se sabe o que fazer com o velho casal, que deve passar a morar com um dos filhos.
Outro filme do dia é também um pequeno e perverso tratado sobre a família e suas desarmonias: "Férias Frustradas de Natal" (21h50), com Chevy Chase.
Uma espécie de continuação de "Férias Frustradas", que mostrava os atropelos de uma família que procura o lugar perfeito para o descanso, agora nessa versão natalina a idéia se inverte. Ainda que permaneçam imóveis, todos não conseguem se afastar das confusões causadas pelas visitas.
Mais uma vez, o grande agente modificador da paz são os parentes que chegam. Ou, o que na verdade é mais incisivo, a reunião de uma família.
Ainda que muito longe da grandeza do filme de Monicelli, "Férias Frustradas de Natal" ainda diverte. Nem que seja pelo grotesco.
(MR)

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