São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Etheridge rompe com o masculino/feminino

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Melissa Etheridge é um fenômeno de vendas desde que estreou -em 1988, já com um disco de platina (mais de um milhão de cópias vendidas).
Mas foi só há dois anos, quando assumiu ser homossexual, que sua carreira disparou. O álbum "Yes I Am" vendeu quase cinco milhões.
Por suas origens interioranas, além do estilo de roqueira de jeans e botas caipiras, ela tem sido comparada a Bruce Springsteen, com quem chegou a gravar recentemente. Mas também tem a rouquidão de Janis Joplin na garganta.
Ela falou por telefone sobre seu novo trabalho, que chega agora ao mercado, de Nova York, no estúdio do programa de TV de David Letterman.
*
Folha - Seu novo álbum se chama "Your Little Secret". Ainda sobrou algum segredo para você contar?
Melissa Etheridge - Não, é a ironia do álbum. Tenho sido tão franca e aberta que não sobraram mais segredos para contar.
Folha - Por que esse título?
Melissa - Na verdade, ele surgiu quando eu estava espreitando a Internet. Estava conferindo o que meus fãs falam sobre mim e li o que um deles escreveu: "Ela está se dando tão bem que não é mais o nosso segredinho".
Folha - Você costuma usar bastante a Internet?
Melissa - Sim, eu me conectei neste ano e tenho achado a experiência fascinante. As pessoas com quem converso não sabem que sou eu do outro lado do computador.
Gosto deste anonimato, de não precisar ser uma pessoa famosa. Você perde esse tipo de contato quando se torna uma celebridade. Folha - Você lamenta ter sua vida pessoal exposta ao público?
Melissa - Não tem sido mau. Não experimentei nenhuma reação negativa até o momento. Eu percebi que, para poder ter a minha carreira e fazer o que pretendo, tenho que ser uma pessoa pública. Então, eu aceito o jogo.
Folha - Por isso chamou o disco anterior de "Yes I Am"?
Melissa - Achei que a declaração "sim, eu sou" era forte o suficiente. É preciso muita convicção para responder à questão sexual com um "sim, eu sou".
Folha - Por que você esperou até 1993 para assumir publicamente a sua sexualidade?
Melissa - Porque até então minha vida pessoal não era importante para a imprensa. Mas chegou um ponto na minha carreira que ela começou a ser perscrutada.
Fui citada fora de contexto em algumas reportagens e isso me incomodou.
Folha - O que acha dos artistas que não assumem nada, mas ficam famosos por brincar com a sexualidade?
Melissa - Adoro os roqueiros que agora estão usando maquiagem e vestidos. Acho muito saudável que as linhas estejam ficando confusas. Crescer ouvindo que só existe o masculino e o feminino pode gerar muitos problemas na cabeça das crianças.
Folha - Pela homenagem que prestou a Janis Joplin no festival de Woodstock, no ano passado, ela é sua maior inspiração?
Melissa - Janis Joplin foi uma inspiração, nos meus 20 anos, para que perdesse o receio de me apresentar com paixão e de forma agressiva.

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