São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Cypress Hill mantém o estilo com letras recheadas de palavrões

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo disco do trio de rap americano (na verdade uma mistura de americano, mexicano, cubano e italiano), Cypress Hill, "III Temple of Boom" é uma espécie de continuação de "Black Sunday", trabalho que rendeu a banda um disco de platina e o reconhecimento mundial graças à música "Insane in the Brain", seu hit.
A apologia obsessiva da maconha continua sendo o assunto principal da banda. Logo na primeira faixa, "Spark Another Owl", o vocalista e líder da banda DJ Muggs sussurra: "Once Again the Powers of the Herb Open Your Mind" ("Mais uma Vez os Poderes da Erva Abrem sua Mente).
O que define o Cypress Hill são letras recheadas de palavrões e sarcasmo e atitude agressiva. Mas o trio está longe do gansta rap (estilo que define a violência dos raps americanos). O jeito de cantar meio nasalado e fazendo graça lembra um pouco os Beastie Boys. Com "Black Sunday", a banda ganhou respeito da comunidade de rap e hip hop de Los Angeles.
Só que "III Temple of Boom" mistura estilos mais suaves, jazzísticos até. O trio continua fazendo um rap agradável, moderno e atual com a inclusão de sons mais psicodélicos. E mesmo na agressividade, investem na melodia.
"Illusions" começa com um sitar e transforma lentamente num ritmo repetitivo e ao mesmo tempo pop. A novidade é que traz um sample de "Las Vegas Tango", do pianista de jazz Gil Evans.
Em "Kill Hill Niggas" falam da violência contra negros cantando também em espanhol, numa referência aos "barrios" (como são chamados os bairros porto-riquenhos de Los Angeles) e às brigas entre as duas comunidades.
Na última faixa, o trio mostra bom humor brincando com o refrão "Everybody Must Get Stoned", de Bob Dylan, na música "Rainy Day Woman". Com "Temple of Boom", o Cypress Hill dá continuidade ao seu estilo sem repetir fórmulas.

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