São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Técnico faz 'mágica' com gravações antigas

DA REPORTAGEM LOCAL

Especializado em recuperação de gravações antigas, Airton Prisco, 59, é um artífice das reencarnações fonográficas. Ele assinou a recuperação dos discos de Noel Rosa, Orlando Silva. Trabalha agora com Francisco Alves.
As encomendas chegam até de Israel. Nesse caso para agregar chiados que confiram originalidade a um disco de canções típicas.
Dezesseis músicas da caixa lançada semana passada foram tiradas de discos de 78 rotações. Para a coleção de Orlando Silva, Prisco também usou discos de 78 rotações. "Estes discos tinham matrizes em metal, que não existem mais. Depuro o disco de 78 rotações. Passa por mais de 30 processadores, entre filtros e equalizadores até se tornar audível", diz.
Não são só chiados e estalos que estão na mira do restaurador. O chamado "hum", um ruído de baixa frequência que soa como um ronco de motor, é um dos sons perseguidos pelo restaurador. "O 'scretch', um ruído de frequência média, é o mais difícil de tirar. Porque fica em cima da faixa de frequência do meio, que concentra a energia da música. Ali ficam a voz e instrumentos de tons fundamentais", diz Prisco.
Dependendo do estado do material, a recuperação de uma gravação de três minutos pode ocupar até 20 horas de trabalho nos processadores do estúdio de Prisco, em Santa Teresa, no Rio.
A filtragem é o primeiro passo para depurar o som de gravações em um canal. Ao contrário dos métodos contemporâneos, com gravações em vários canais, o disco era gravado de uma só vez.Antigamente o técnico da gravação dispunha os músicos no estúdio, balanceando o som. Um cantor como Vicente Celestino cantava de costas para o microfone por causa do vozeirão.
"Hoje o compromisso é com o som e não com a fidelidade às antigas gravações. Os puristas são contra as recuperações", diz Prisco.

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