São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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França e Inglaterra reinam no centenário

Cinema faz cem anos na quinta-feira

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O cinema torna-se oficialmente centenário nesta quinta-feira, dia 28. Há um século Paris assistia à primeira projeção pública do cinematógrafo Lumière. Raras efemérides recentes foram tão celebradas. Nada mais oportuno que um rápido balanço.
Orgulhosa pátria dos Lumière, a França desenvolveu a mais agressiva comemoração, coordenada pela associação "Primeiro Século do Cinema". Tropeçava-se em iniciativas, nas TVs e nas salas de cinema, nas escolas e nos museus. O Instituto Lumière em Lyon (a cidade dos pioneiros) foi a grande sede, francesa e mesmo internacional. Vale encomendar as edições que têm surgido como subproduto das mostras e debates (fax: 00-33-78-01-36-62).
O mais revelador ciclo pautado pelos cem anos foi exibido em fevereiro pelo Festival de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand, a chamada "Cannes dos curtas", com uma centena de títulos pesquisados no mundo inteiro (uma seleção pôde ser conferida em agosto no festival de curtas paulista). No campo das produções especiais, contudo, os franceses foram batidos pelos britânicos.
A série "Cem Anos de Cinema", produzida pelo BFI (British Film Institute) e no Brasil trazida pela Metavideo e exibida pela Rede Manchete, propiciou deliciosas revisões autorais das histórias nacionais, com destaque para os episódios de Martin Scorsese (EUA) e Stephen Frears (Grã-Bretanha). O mesmo BFI esteve por trás do grande livro-homenagem, "World Cinema - Diary of a Day: A Celebration of the Centenary of Cinema" (Mitchell Beazley, 416 págs., 25 libras), em que o cruzamento de anotações sobre um dia de trabalho forma o mais rico mosaico recente da indústria fílmica mundial.
Duas exposições se destacaram. Em Berlim, "Kino-Movie-Cinema" revelou pioneiramente o baú de Marlene Dietrich. Já em Pordenone (Itália), "As Sete Eras da Imagem" reúne até esta quinta tesouros do Museu Nacional de Turim e da Cinemateca Francesa.
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Parte da cobertura especial dedicada pela Folha ao centenário do cinema, esta coluna extingue-se com a celebração da efeméride. Foram 48 artigos semanais. O espírito esteve sintetizado no título.
Chamou-se zoetrope um dos mais populares brinquedos ópticos de meados do século 19, no qual o giro de uma manivela fazia rodar um cilindro com imagens que simulavam movimento. O nome tem origem grega: zoe (vida) e trope (rotação ou revolução).
Zoetrope carrega nela mesma o passado e o futuro. O cinema assume assim sua face heraclitiana: como o velho rio, nunca é o mesmo numa sucessão de visitas, corram séculos ou segundos.

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