São Paulo, segunda-feira, 25 de dezembro de 1995
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Exame de Aids deixa de ser obrigatório

DENISE CHRISPIM MARIN
DE BUENOS AIRES

O Ministério das Relações Exteriores da Argentina proibiu que suas embaixadas e consulados exijam exame de HIV (que detecta a existência do vírus da Aids) para quem solicite visto de turista ou de residência temporária no país.
A comunicação foi enviada na última quinta-feira, depois da polêmica criada quando um funcionário da embaixada da Argentina em Cuba fez a exigência a cidadãos que pediram visto de turista.
O mesmo procedimento -que fere a lei nacional sobre Aids e a Constituição argentina- estava sendo adotado pelo consulado-geral da Argentina em São Paulo.
O administrador de empresas Rubens Rodrigues Santana, 28, se submeteu ao exame em novembro para conseguir visto para trabalhar por seis meses na unidade argentina de uma multinacional.
"Não considero razoável criar mais obstáculos para a entrada de brasileiros na Argentina, uma vez que o Mercosul implica quebra de barreiras e maior integração."
Há seis meses, esse requisito não era obrigatório. Foi acrescentado à máquina na lista de exames original de documentos exigidos pelo consulado.
O teste de Aids continua obrigatório para quem faz a tramitação dos documentos na Direção Nacional de Migrações na Argentina.
Paralelamente, o embaixador da Argentina no Brasil, Alieto Guadagni, anunciou na última quinta-feira que os trâmites para a obtenção do mesmo visto devem ser agilizados para empresários e executivos de ambos países.
Brasil e Argentina devem assinar amanhã acordo que permitirá aos homens de negócios exercer suas atividades no outro país como um cidadão local.
Ou seja, poderão realizar operações bancárias e de comércio exterior, administrar empresas, assumir representação jurídica de organizações e até assinar balanços.
Recrutamento
Agências especializadas no recrutamento de empregadas domésticas em Buenos Aires fazem vista grossa quando uma imigrante diz que não possui documento argentino ou a residência transitória, que permite trabalhar no país.
A reportagem da Folha se apresentou em sete delas como uma brasileira em situação ilegal. Em apenas uma foi barrada na porta porque não tinha documentação.
Em outra, a proprietária deixou claro que haveria dificuldades. Nas demais, ouviu que não haveria problemas.
Na agência que funciona no 3º andar de um cortiço na avenida Independência, 2.275, a Folha pagou US$ 30 e obteve a indicação para se apresentar no asilo geriátrico Santa Regina.
Outras agências costumam cobrar mais. Na que está instalada na rua Victor Martínez, 224, 3º B, o agenciador Estevan cobra US$ 100 para arranjar um emprego "imediato".
O trabalho consiste em fazer limpeza em residências e é remunerado com US$ 5 por hora. Uma faxineira argentina costuma cobrar US$ 7 por hora.
(DCM)

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