São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Queda de padrão é medida em quilômetros

DA SUCURSAL DO RIO

A decadência no padrão de vida dos militares pode, no Rio, ser medida em quilômetros. Mais exatamente no aumento da distância que separa os oficiais dos bairros à beira-mar -de um modo geral, os mais valorizados da cidade.
Superintendente da carteira hipotecária do Clube Militar, o coronel da reserva do Exército Amaury Simões dos Santos, 61, afirma, que, no final dos anos 60 e início dos 70, a carteira lançava imóveis no Leblon (bairro da zona sul carioca), Niterói (cidade vizinha ao Rio) e Tijuca (o mais valorizado da zona norte).
Na época, diz, as prestações desses imóveis -todos com três quartos e dependências de empregada- eram compatíveis com os rendimentos de um major.
A partir de 1976, os lançamentos na zona sul foram cortados. Anos depois, a crise no Sistema Financeiro da Habitação e a queda nos salários dos militares levaram a carteira a procurar áreas mais distantes, nas zonas norte e oeste da cidade.
Ele diz que um coronel não teria hoje condições de comprar o imóvel que, no início da década de 70, podia ser adquirido por oficiais de patentes inferiores.
Santos conta que, recentemente, muitos oficiais compraram imóveis em Nilópolis, na Baixada Fluminense (região periférica do Rio), que seriam destinados a subtenentes e sargentos.
Santos diz que comprou seu primeiro imóvel em 1971 -um apartamento de dois quartos em Niterói. Casado e então com dois filhos (o terceiro só viria anos depois), ele morava em imóvel do Exército na Vila Militar (zona oeste do Rio). Os filhos estudavam em escola pública.
O fato de não gastar dinheiro com aluguel e escola foi, segundo ele, fundamental para conseguir viabilizar a compra do imóvel.

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