São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995 |
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Passageiros viram velhos amigos após 3.700 km
BETINA BERNARDES
O motorista Luiz Carlos Borba, 41, faz o trecho Uruguaiana-Santiago, que dura cerca de 30 horas, há três anos. Contando a ida e a volta, são duas viagens por semana, mas ele se diz acostumado ao trajeto. "O que marca são os acidentes com que a gente se depara nas estradas", afirma. Borba reveza o volante com um colega, também gaúcho. Enquanto um dorme, o outro pega a estrada. "A viagem é cansativa. No verão é tão quente que o ar-condicionado não dá vazão. No inverno é tão frio que a gente congela." O comissário de bordo Marcelo Palma, 22, já fez a viagem SP-Chile mais de 70 vezes. Ele é "rodomoço" há sete anos, somando mais de 30 mil quilômetros rodados por mês. Já viu passageiro se jogando da janela do ônibus e outro que morreu enquanto dormia. Chileno, ele reclama da falta de tempo para namorar. "Minha casa é em Santiago, mas quase não paro lá", diz. É Palma quem escolhe os filmes que são passados no ônibus, cerca de dez por viagem, e brincadeiras como bingo e karaokê para entreter os passageiros. "É uma vida muito solitária, é preciso vocação e amor para ter paciência", afirma. "O que mais gosto na profissão é a possibilidade de poder compartilhar, conversar com as pessoas e formar novos amigos." Texto Anterior: Estado de saúde de duas mulheres é grave Próximo Texto: Escola transforma história em arte Índice |
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