São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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'Tootsie' mistura pieguice a bom humor

EDUARDO SIMANTOB
DA REDAÇÃO

Dez anos antes de as drag queens levarem o transformismo às passarelas da moda, clubes e colunas sociais, o ator Dustin Hoffman envergou batom, saias e peruca para criar a personagem "Tootsie" (Gazeta, 22h30).
Apenas uma brincadeira, pois o filme não explora as implicações que o tema poderia suscitar. Suas motivações passam longe de qualquer atitude sexualmente audaciosa: Hoffman é o ator desempregado que inventa uma nova identidade feminina para conseguir um papel em uma novela de TV.
Apaixona-se por uma das atrizes (Jessica Lange) e a fantasia de Tootsie acaba lhe servindo como meio de se aproximar mais intimamente da moça. É a partir do fato de não poder revelar sua verdadeira identidade que "Tootsie" extrai o humor que lhe garantiu um excelente retorno de bilheteria mais o Oscar de melhor atriz coadjuvante para Lange.
Se ficasse só nisso, no entanto, "Tootsie" provavelmente acabaria como uma comediazinha de costumes perdida em alguma prateleira de videolocadora. Mas quando a novela de TV vai ganhando corpo, se apropriando de todas as pieguices típicas do gênero, o humor do filme se sustenta para além da personagem principal.
É aí que o filme deve seus créditos a um inspirado elenco de apoio, que conta com, entre outros, Bill Murray e Dabney Coleman. Atenção para uma então desconhecida Geena Davis, que levaria ainda alguns anos para ser alçada ao estrelato, depois de "Thelma e Louise" (1991).
Pollack realizou, um ano antes de "Tootsie", o interessante "Ausência de Malícia", com Paul Newman, e já conheceu melhores dias com, por exemplo, "Mais Forte que a Vingança" (1971). Mesmo com todo o sucesso, "Tootsie" não chega aos pés dos melhores filmes do diretor que, no mais, também não tem nada de gênio.

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