São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Compositor de BH faz tudo sozinho

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O disco de Fernando Kavera foi gravado e mixado por Fernando Kavera. As músicas são de Fernando Kavera, todas elas. Os instrumentos foram tocados por um mesmo músico, Fernando Kavera. A proeza aconteceu em um estúdio que pertence e tem como único usuário Fernando Kavera, em Belo Horizonte.
"Músico é enrolado, não tem pontualidade. Além disso, eu fazendo tudo posso cobrar muito mais qualidade de mim mesmo", afirma Kavera, 35.
Para se dar ao luxo do perfeccionismo solitário, o compositor mineiro gastou R$ 100 mil em equipamentos.
O estúdio, provavelmente o melhor equipado da cidade, foi instalado no andar superior do apartamento duplex onde mora o músico. Entre outras coisas, inclui oito sintetizadores e um computador Macintosh 2ci, com 1 gigabyte de memória, processadores, compressores, além de instrumentos.
Kavera tem formação clássica. Estudou violão desde os 8 anos e se especializou na obra de Villa-Lobos. Antes de se dedicar à música pop, chegou a compor sonatas.
A virada aconteceu em 87, Londres. Lá, Kavera teve contato com muitos músicos e com a eletrônica digital, começou a tocar em metrô e mergulhou na música pop.
"Fazer música clássica é pra ninguém", diz. Seu estilo musical, que lembra new age, já foi batizado de "pop progressivo".
Kavera gravou dois CDs, mas apenas um foi lançado, com a distribuição sendo feita por ele mesmo, em contato com lojas de discos do Rio, São Paulo e BH.
Para o segundo disco, já pronto, ele quer fechar contrato de distribuição com alguma gravadora.
O compositor diz que a produção de seu primeiro CD durou dois anos. "Já cheguei a ficar 16 horas seguidas dentro do estúdio", conta Kavera, dando a dimensão do seu perfeccionismo.
Para tocar todos os instrumentos, Kavera usou os recursos da eletrônica. Tocou mesmo violão, guitarra, baixo, percussão e teclado. Todo o resto foi feito com o teclado conectado ao computador.
Pouco interessado em obter sucesso de grande público com o trabalho que faz -"não tenho compromisso com ninguém, faço o som que eu quero"-, Kavera também não espera viver com os discos que grava.
Engenheiro civil, ganha a vida com sua empresa de construção. São 3 a 4 horas diárias de música e outras 5 no canteiro de obras.

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