São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Islâmicos vencem eleições na Turquia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A primeira-ministra da Turquia, Tansu Çiller, anunciou ontem que renunciaria. O pedido, enviado ao presidente Suleyman Demirel, foi feito após seu partido ter perdido as eleições para os islâmicos.
Segundo porta-voz da Presidência, ela deve esperar até que o novo governo seja formado.
Contados 99% dos votos, o Partido Islâmico da Prosperidade se tornou o maior vencedor das eleições parlamentares. Com 21,32% dos votos, o partido de Necmettin Erbakan derrotou o Partido da Mãe Pátria (de direita), que ficou com 19,6% dos votos.
"As pessoas viram o nosso partido como uma solução para seus males e nos elegeram", disse ontem de manhã Erbakan.
O partido da primeira-ministra, Caminho da Verdade, ficou em terceiro lugar, com 19,2%.
O Partido Democrático Popular, pró-curdo, com 4,1% dos votos, não conseguiu obter os 10% dos votos, necessários para a representação parlamentar.
"Especialistas rejeitam a possibilidade de o governo e os partidos não-religiosos ignorar a existência do poderoso partido islâmico", disse uma rádio local.
Cerca de 34 milhões de turcos votaram anteontem para escolher o parlamento de 550 membros, entre candidatos de 12 partidos.
Mas os resultados mostraram que nenhum partido deve conseguir o número de votos mínimo para completar as 276 cadeiras pertencentes ao governo.
Embora não tenha afastado a possibilidade de uma coalizão, Erbakan, que obteve 158 cadeiras no Parlamento, disse que o presidente Demirel deve dar a seu partido a chance de formar o governo.
Entretanto Çiller descartou uma possível união com o partido islâmico. "Nossos dirigentes principais não nos permitem formar parte de tal coalizão", disse a primeira-ministra.
Çiller, eleita em 1993 como a primeira-ministra do país, pode se unir ao Partido da Mãe Pátria.
"Os interesses de nosso povo têm prioridade, e estamos dispostos a fazer o que for necessário.
Os partidos conservadores de centro-direita estão decididos a não se desviar de seu principal objetivo: a entrada na União Européia em 1º de janeiro.
Entretanto Erbakan, conhecido por sua oposição à entrada da Turquia na UE, anunciou que pode reavaliar a questão, pedindo aos países da Europa para que voltem a renegociar um acordo comercial, mais favorável, segundo ele, aos interesses do país.

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