São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 1995
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Arafat reza com cristãos em Belém

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder palestino Iasser Arafat -que é muçulmano- rezou com cristãos palestinos ontem em Belém, no primeiro Natal sem soldados israelenses desde 1966 na cidade onde Jesus teria nascido.
Milhares de cristãos, festejando o Natal e o fim da ocupação israelense, se reuniram na praça da Manjedoura, onde Arafat rezou pela reconciliação com Israel.
"O começo da liberdade palestina também é o começo da reconciliação entre dois povos: palestinos e israelenses, disse o patriarca latino Michel Sabbah, no sermão da Missa do Galo, celebrada na Igreja de Santa Catarina.
Arafat e sua mulher, Suha, ocuparam lugar de honra na missa rezada na igreja franciscana.
O prefeito de Belém, o cristão Elias Freij, afirmou que a cidade continuaria aberta a israelenses, apesar dos 28 anos de ocupação. "Nunca fecharemos esta cidade.
Arafat repetiu sábado em discurso no alto da Igreja da Natividade, local onde Jesus teria nascido, sua reivindicação de Jerusalém oriental como capital palestina.
Com a devolução de Belém, a autonomia palestina ficou a apenas 3 km dos limites adotados por Israel para Jerusalém.
Mas Arafat foi cauteloso ao responder ao mal-estar de cristãos em relação ao domínio muçulmano sobre a cidade. Ele prometeu aos cristãos, cerca de 40% dos 45 mil habitantes de Belém, que a cidade seria um lugar de paz.
O padre católico George, da Igreja de Santa Catarina, negou afirmações de Arafat de que Jesus Cristo fosse um palestino.
O clima de desocupação de Belém contrastou com o das outras cinco cidades da Cisjordânia devolvidas aos palestinos.
Em vez da ira em relação aos soldados israelenses, vistas em Jericó, Jenin, Tulkaram, Nablus e Qalqilia, uma criança palestina de Belém chegou a oferecer flores aos soldados que partiam.
"Já vi Natais em Belém sob domínio britânico, jordaniano e israelense, mas agora é nosso dia especial, afirmou o palestino George Tlajiie, 70.
No posto de controle militar perto da cidade, soldados do Exército de Israel impediram a passagem de 600 judeus que pretendiam protestar contra o processo de paz.
Terminou no domingo o registro de candidatos ao conselho palestino de autonomia, que deve ser eleito dia 20 de janeiro. Cerca de 700 candidatos se apresentaram.
Dois seguranças de Arafat em Gaza foram feridos por disparos vindos de carro não-identificado.

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