São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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Filme quer mudar o cinema português

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Os dois atores portugueses mais conhecidos, Maria de Medeiros e Joaquim de Almeida, são as estrelas do filme "Adão e Eva", que estreou na última sexta-feira em Portugal.
É uma aposta grande no cinema português contra o domínio das grandes produções norte-americanas: o filme começou a ser exibido em 15 salas, contando com uma grande campanha de publicidade, cartazes de rua e anúncios na TV.
Para Joaquim de Almeida, foi uma volta ao cinema português: "Só aceitei fazer este filme porque era dirigido pelo Joaquim Leitão", afirma o ator. Joaquim de Almeida prefere filmes de maior público do que os que costumam ser feitos em Portugal. Concebido inicialmente para o cinema, o projeto acabou resultando em dois programas distintos: um filme e uma minissérie para televisão.
"Eu me dei conta que o argumento poderia ter desdobramentos que só poderiam ser utilizados em televisão, porque o cinema exige maior concisão", conta o diretor Joaquim Leitão. Segundo Leitão, o filme poderá ser o piloto de uma minissérie, que trataria do meio de televisão, com suas intrigas e lutas pela audiência.
Tanto Joaquim de Almeida como Maria de Medeiros são atores que tiveram de sair de Portugal para ter sucesso no cinema. Atualmente, Almeida está filmando mais nos Estados Unidos do que em Portugal. Em seu último filme contracenou com Harrison Ford.
Maria de Medeiros -que em "Adão e Eva" tem a sua personagem como centro da trama- vive em Paris, onde faz teatro e cinema. Seu sucesso no cinema norte-americano veio depois de "Henry & June", onde interpretou a escritora Ana‹s Nin. Em 1994, ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza, com o filme "Três Irmãos", de Teresa Villaverde. Seu próximo projeto é um filme sobre o capitão Salgueiro Maia, que comandou nas ruas as tropas que fizeram a revolução de 25 de abril de 1974.
Com um orçamento de US$ 1,6 milhões, "Adão e Eva" é a primeira produção com a participação da SIC -o canal português em que a Globo tem 12% do capital. Sob iniciativa da produtora portuguesa MGN, o orçamento também contou com verbas da produtora espanhola CPA e da francesa Artcam. O recurso a produtoras de três países europeus é a condição para obter financiamentos da União Européia, no programa Eurimages.
O filme tem como atores secundários o espanhol Karra Elejalde e a portuguesa Ana Bustorff. A presença de um ator espanhol foi uma imposição da produtora para o filme poder entrar mais facilmente no mercado da Espanha. Pela primeira vez na história do cinema português, o profissionalismo marcou toda a produção.
Em junho, antes de começar a rodagem, já tinha sido anunciada a data da estréia -que foi respeitada- e contava com uma distribuidora que garantia sua colocação nos principais cinemas do país.
A reação da crítica ao filme até agora não foi boa. A maior parte dos críticos portugueses considerou o filme mediano, dando notas no mesmo nível do último 007 - "GoldenEye" - e abaixo de "Braveheart", de Mel Gibson. "Adão e Eva" é o quarto longa-metragem de Joaquim Leitão. Além de cinema, Leitão já trabalhou em televisão e publicidade.

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