São Paulo, quarta-feira, 27 de dezembro de 1995
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"Adão e Eva" mostra os bastidores da TV

JAIR RATTNER
DE LISBOA

"Adão e Eva" procura romper com o que o público se acostumou a ver no cinema português. Contra os longos planos de câmeras paradas, considerados típicos do cinema português, como é o caso das obras de Manoel de Oliveira, o diretor Joaquim Leitão apresenta um filme com ritmo rápido, mais calcado na tradição da comédia romântica norte-americana.
O argumento gira em torno de Maria de Medeiros, uma jornalista de televisão no auge de sua carreira. Mas, se a carreira vai bem, a vida emocional da jornalista está à deriva.
"Adão e Eva" tem como pano de fundo os bastidores das televisões portuguesas. No filme, surge mais um canal de TV, que seria o quinto do país.
É um filme leve, que tem como única pretensão divertir. Mesmo sem grandes piadas ou momentos hilariantes, são criadas situações engraçadas, dentro de um conjunto de confusões amorosas e profissionais, vividas pela personagem de Maria de Medeiros.
Em relação às comédias românticas norte-americanas, "Adão e Eva" subverte os padrões de moral tradicionais: o filme aborda de forma descomplexada o homossexualismo feminino, a infidelidade e o ciúme.
Em "Adão e Eva", as mulheres afirmam sua independência, como donas de seu corpo e com objetivos pessoais muito definidos, em oposição às personagens masculinas, que não sabem o que querem e se deixam levar pela vida. São sempre as mulheres que decidem, enquanto as figuras masculinas buscam a estabilidade e recusam o que pode ser novo.
Até o final feliz foi concebido de forma que não seria aceita no cinema americano, por contradizer a estrutura tradicional da família.
A maior parte do filme é rodada em Lisboa. "Adão e Eva" mostra uma cidade com um estilo de vida moderno, como qualquer outra capital européia.

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