São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Blitz procura menor que assalta em sinal

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo, em conjunto com a Polícia Militar, realizou ontem uma operação pente fino na região central da cidade com o objetivo de recolher meninos de rua infratores, que assaltam pessoas dentro de carros, em semáforos, e nas ruas, além de "pais de rua" e assaltantes.
Anteontem, a Folha flagrou um menino de rua tentando assaltar uma motorista na esquina da avenida Ipiranga com a rua Santa Ifigênia. O menino puxou uma faca para a mulher, que segurou seu pulso e evitou o assalto.
A operação pente fino começou às 13h e durou cinco horas. Foram utilizados 35 policiais civis, 40 militares e dez educadores do SOS Criança. Ao todo, foram averiguadas 60 pessoas.
Dessas, dez tinham antecedentes criminais, 14 assinaram sindicância e duas foram presos porque já eram condenados pela Justiça.
O SOS Criança cadastrou 16 meninos de rua.
Segundo Edilson Correia Lima, 36, delegado operacional da Delegacia Seccional Centro, a blitz de ontem foi considerada um fracasso por causa das chuvas. "Quando chove, os assaltantes se escondem", afirmou Lima.
À região da avenida Ipiranga, onde a Folha flagrou a tentativa de assalto, foram enviados seis policiais, em dois carros. Naquela região, oito pessoas foram levadas para averiguação (duas assinaram sindicância por vadiagem).
Por volta das 16h30, quando a blitz ainda era realizada, a reportagem percorreu algumas ruas na região da avenida Ipiranga. Vários garotos foram vistos andando pelas ruas. Alguns cheiravam cola.
Na esquina das ruas Washington Luis e General Couto Magalhães, um garoto franzino dormia em frente a uma padaria. Do lado do seu corpo havia um compasso, provavelmente usado para assaltar.
Na avenida Ipiranga, o garoto M., 13, estava sentado na calçada, às 17h30, lendo uma revista em quadrinhos. "Moro aqui na Ipiranga mesmo, mas não assalto não."
M. disse conhecer o menino fotografado anteontem. "Não vi ele hoje (ontem) não." Na esquina da Ipiranga com a rua Santa Ifigênia, havia dois policiais militares.
Durante o tempo em que a reportagem esteve no local, os PMs não fizeram nenhuma abordagem.
O delegado Edilson Lima afirmou que é muito difícil deter algum menino de rua. Isso só pode acontecer se houver flagrante.
Segundo ele, os garotos dão um jeito de se livrar de algo que possa comprometer, como estiletes ou sacos de cola de sapateiro, sempre que notam a presença de policiais.

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