São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Série "As Panteras" volta dos anos 70 para virar moda

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Tem coqueluche nova no meio de moda. Depois da histeria em torno das Bond Girls -que fez revistas, editores, produtores, diretores de desfiles e estilistas perseguirem a discreta cafonice das meninas do espião 007- chegou a vez das Panteras.
O seriado com as três sexy detetives ajudou a compor o imaginário feminino da década de 70. Agora, embalado pelo revival daquela década que é um dos motes da moda atual, "As Panteras" vira cult absoluto.
Nas edições do mês de dezembro, duas importantes publicações internacionais acionam o novo "trend". A "Allure" convoca ninguém menos que a escritora pós-feminista Camille Paglia, que cria seu próprio roteiro para um (ainda mais fictício) episódio da série (leia trecho nesta página).
Na "Vogue Itália", a fotógrafa Pamela Hanson e a "stylist" Alice Gentilucci lembram a estética dos filmes tendo como estrelas as modelos Trish Goff (como Sabrina) e Carla Bruni em pantalonas, muita gola rulê, terninhos e sensuais frente-únicas.
À época, não foi pouca coisa. A "soap opera" de origem americana ganhou o mundo. Da mesma forma que o cabelo de Farrah Fawcett (a Jill). Suas mechas douradas, com muita escova e cortadas em camadas, foram copiadas em cada cabeleireiro de esquina, impulsionando o seriado e a carreira da própria pantera.
Depois da primeira temporada, iniciada em 76, Fawcett deixou o elenco, tentando papéis "mais sérios". E até 81 a terceira pantera passou a ser a loura Cheryl Ladd. No Brasil, o canal a cabo Fox põe fãs e aparelhos de videocassetes em ação de segunda a sexta, a partir de 9h, quando as três heroínas (originais) dão duro sob a égide do poderoso e misterioso Charlie -que dá o título em inglês da série, "Charlie's Angels". Aquele que nunca aparece de frente (ocupado em missões à beira de piscinas, com mulherões também do tipo pantera em seu colo) e que encerra o episódio com seu clássico "Bom trabalho, panteras".
Foi o logotipo de "Charlie's Angels" reproduzido em t-shirts usadas na cena clubber internacional (no Brasil chegou via Ad Libitum, Third World e Kiko Barrufini) que primeiro chamou a atenção do meio de moda para a série.
Ajudadas apenas pelo sempre solícito Bosley, as três são "fatais, sexy, ativas e sabem se defender", como define o editor de moda da "Vogue" Brasil, Giovanni Frasson, um fã do seriado.
"Acho bom para a mulher dos anos 90 achar que ela precisa ser mais audaciosa e saber se defender -dos homens, das mulheres, da violência...", destaca Frasson.
O estilista Walter Rodrigues acha que "dá para reinterpretar os anos 70 com humor, aproveitando a imagem delas". "Acho super Véronique Leroy", diz, em referência à estilista belga que conquista o planeta fashion com seu olhar "tacky" sobre os 70 e 80.
Já Thaís Losso, que conquistou SP com sua moda inspirada em ícones da TV para seu primeiro desfile, vê o programa todo dia. "Meu episódio favorito é aquele em que elas estão num hotel e, claro, acontece um assassinato. E elas aparecem na piscina com uns maiôs de cintinho dourado... E eu adoro as echarpes da Kelly!"

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