São Paulo, quinta-feira, 28 de dezembro de 1995
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Concorrência gera mais conforto ao passageiro

ERNESTO KLOTZEL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Não se pode comparar um jato fabricado hoje pela Boeing, Airbus, ou McDonnell Douglas -para se falar apenas de aeronaves para rotas médias e longas- com os modelos que os lançaram na era do jato, há cerca de 35 anos.
O consórcio europeu Airbus Industrie então, só nasceria dez anos mais tarde. E é justamente na Airbus que encontramos alguns exemplos do imenso grau de criatividade e o vigor inovativo. Ele se manifesta não só nos gigantes do aeroespaço mas também em dezenas de indústrias de todos os portes e nacionalidades que fabricam os mais variados tipos de aviões.
Exemplos típicos são os jatos Fokker 100 e Fokker 70, e a congestionada família de turboélices ATR-42/72, Dornier 328, Fokker 50, Bombardier Dash 8 e muitos outros, inclusive o nosso Brasília.
No entanto, é no disputado mercado da aviação comercial a jato, para rotas de médio e longo alcance, que a tecnologia desenvolvida "dentro de casa", simplesmente comprada ou licenciada, ou desenvolvida em parcerias multinacionais que já são comuns, que encontramos um grau de efervescência criativa e uma cultura tecnológica em constante evolução.
Ela é ditada pela mais acirrada concorrência entre fabricantes que é repassada aos operadores em sua luta pela conquista do passageiro.
Os objetivos básicos são sempre os mesmos, no "jogo que pode ser chamado como a busca do custo operacional mais baixo com um máximo de produtividade.
Trocando em miúdos: turbinas mais potentes, econômicas e "bem comportadas" quanto à poluição sonora e atmosférica. Aeronaves mais leves, mais dóceis de comandar, fáceis de manter e com o ambiente mais acolhedor.
Por último e sempre mencionado em tom mais baixo por ser uma espécie de tabu: a maximização de uma segurança que já resiste a qualquer crítica quando se trata de companhias que estão no topo do "ranking" mundial.
O usuário final é o passageiro, geralmente um ser vivo extremamente subjetivo, volúvel, e até preconceituoso, capaz de condenar (e o que é pior, disseminar seu julgamento precipitado) uma aeronave ou companhia diante de um atendimento que deixou a desejar ou um pouso menos suave feito com forte vento de través.
Mas ele é a fonte maior de lucros. Um só passageiro a mais a bordo de uma companhia aérea pode representar um faturamento de US$ 200 a 300 mil por ano.
Para a empresa, a tecnologia que faz com que, a cada cinco anos surja um modelo aprimorado, deve se traduzir em um custo global de operação mais baixo, que permita uma melhor margem nos minguados lucros próprios do setor e até o luxo de liberalizar determinadas tarifas aéreas.
Na cabine, é a eletrônica digital que contribui para atrair o passageiro para as companhias que se dispõem a investir mais de US$ 1,5 milhões e tornar vôos longos mais amenos. Além dos canais de som e a escolha de filmes (em monitores individuais) o passageiro em certas companhias terá canais de videogames, telefone e fax, compras na butique e até jogos de azar.

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