São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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SP assenta sem-terra para conter invasão

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) começa hoje a assentar as primeiras 94 famílias de sem-terra acampados em Mirante do Paranapanema (640 km de São Paulo, no extremo oeste).
As famílias serão transferidas dos acampamentos da Fazenda São Bento para as fazendas Canaã, King Meat e Santa Anna.
O anúncio foi feito ontem pelo secretário estadual da Justiça, Belisário dos Santos Jr., que esteve no Pontal do Paranapanema na tentativa de neutralizar a decisão do MST de reiniciar invasões de fazendas a partir de terça-feira.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no entanto, não voltou atrás em sua decisão. O secretário disse que o funcionários do Itesp devem passar o réveillon fazendo os assentamentos. Nos próximos dias, segundo Belisário., 900 famílias devem ser assentadas na região.
O MST suspendeu as ocupações, em 4 de novembro, depois que o governador Mário Covas (PSDB) assumiu o compromisso de assentar 2.100 famílias na região -1.050 até o dia 31 deste mês e o restante até junho de 96.
Os sem-terra serão assentados em áreas de dez fazendas de Mirante do Paranapanema. A juíza Catarina Estimo concedeu anteontem ao governo paulista a tutela de 30% das áreas de cada uma das propriedades.
Essa tutela é uma forma de desapropriação sem o pagamento imediato das indenizações, a serem feitas em data não-definida. No total, o Itesp está tomando posse de 5.000 hectares de terras.
O líder do MST no Pontal, José Rainha Jr., disse que o assentamento em terras tuteladas pode ser provisório. Belisário afirmou que são irreversíveis. O secretário espera que os assentamentos desmotivem as invasões programadas pelo MST. Mas Rainha não assumiu o compromisso de suspendê-las.

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