São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Nota exibida na Globo é de US$ 1, não de US$ 100

DA REPORTAGEM LOCAL; DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Igreja Universal do Reino de Deus acusou a Rede Globo de manipular o som da fita de vídeo em que o bispo Edir Macedo aparece contando, no chão, um bolo de notas de dólares arrecadados em um templo nos Estados Unidos.
A fita foi entregue à Rede Globo pelo pastor dissidente Carlos Magno. As imagens foram veiculadas pela emissora em telejornais. Anteontem à noite, na Rede Record, durante o programa "25ª Hora", o bispo Honorilton Gonçalves acusou a Rede Globo de "manipular o som da fita".
Na fita, Gonçalves aparece exibindo uma nota de dólar. A Rede Globo, ao mostrar a imagem no "Jornal Nacional", colocou o locutor Sérgio Chapelin dizendo que Gonçalves exibia, "deslumbrado, uma nota de US$ 100".
Anteontem, a igreja exibiu o que chamou de "vídeo original" para rebater o que para Gonçalves foi "bandidagem" da Globo.
A imagem da cena foi aproximada e congelada. Embora não esteja nítida, a imagem que aparece sugere que a nota é de US$ 1.
O mais grave, disse Gonçalves, foi a omissão do "som original". A mesma cena foi exibida, só que com a voz do próprio Gonçalves.
Ele aparece dizendo que é uma nota de US$ 1.
O bispo chegou a chorar durante o programa e recebeu a solidariedade dos evangélicos presentes, enetre eles Silas Malafaia, da Assembléia de Deus (penha, rio), Isabel Teixeira, do Projeto Vida Nova, João Campos, da Igreja Presbiteriana, e o pastor Ronaldo Didni, da própria Universal.
A Folha consultou Júlio César Fagundes, coordenador de vídeo da produtora Telefilme, sobre a possibilidade técnica de se omitir o som original de uma fita de vídeo: "É muito simples tirar um som e inserir outro no vídeo".
O programa também dedicou boa parte de seu tempo a demonstrar que não é só a Universal que pede dízimo a seus fiéis. Segundo eles, é uma prática de todas as igrejas pentecostais e também da Igreja Católica.
O pastor Malafaia exibiu carnê de uma paróquia da Igreja Católica em São Paulo para pagamento de dízimo. Gonçalves ironizou: "A Igreja Universal não tem carnê, temos de aprender".
O próprio Carlos Magno, pastor que deu origem à série de denúncias contra a Universal, confirmou ontem à Agência Folha que a nota mostrada no vídeo era de US$ 1, e não de US$ 100, como informou a emissora.
"Realmente, acho que houve um equívoco porque, como a filmagem é um pouco desfocada, de longe não dá para distinguir o valor da nota", afirmou.
No vídeo, gravado por Carlos Magno, o bispo Edir Macedo e o então pastor Honorilton Gonçalves aparecem recolhendo no chão dólares doados por fiéis.
Segundo Carlos Magno, na fita original Gonçalves segura uma nota, a exibe para a câmera e diz que "esse aqui é um dólar pré-datado ao seu Vieira (referência ao deputado federal Laprovita Vieira)". Vieira aparece como um dos sócios do Banco Crédito Metropolitano, da Universal. Carlos Magno disse que não entendeu "por que eles (a Universal) pegaram esse gancho" para tentar desacreditar as denúncias: "Qual o problema, se era um ou cem dólares?".
Miranda afirmou também que isso não significa que todas as notas que estavam no chão eram de US$ 1: "Era dinheiro que as pessoas tinham doado".

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