São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Unicamp demite docente por justa causa

MAÉRCIO SANTAMARINA
VALÉRIA CABRERA

MAÉRCIO SANTAMARINA; VALÉRIA CABRERA
DA FOLHA SUDESTE

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) demitiu ontem por justa causa o psiquiatra Dorgival Caetano, 47, professor titular da FCM (Faculdade de Ciências Médicas). Foi a primeira demissão de um titular por justa causa na história da Unicamp.
O professor é acusado de realizar pesquisas com drogas psiquiátricas em doentes do HC (Hospital de Clínicas) da Unicamp sem parecer favorável da Comissão de Ética Médica da universidade, além de desvio de dinheiro de convênios para pesquisa.
A demissão foi publicada ontem no "Diário Oficial do Estado".
O psiquiatra negou as acusações e disse que a decisão da universidade foi precipitada e injusta. "É uma jogada política de pessoas que não querem minha presença na universidade", disse.
A Unicamp divulgou nota oficial no final da tarde de ontem afirmando que a demissão ocorreu "após cuidadoso processo interno, que compreendeu um ano de trabalho da Comissão Processante Permanente -órgão ligado à reitoria". O processo incluiu uma sindicância interna da FCM e outra do HC, além de depoimentos de 48 pessoas, incluindo os professores Egberto Turato e Marta Cabral, que fizeram as denúncias.
A comissão concluiu que ele utilizou a estrutura física, médicos-residentes e pacientes do HC para a realização de pesquisas com medicamentos para laboratórios farmacêuticos sem a necessária autorização de seu departamento, da Congregação da FCM e da universidade.
A nota informa que ele deixou de recolher aos cofres da universidade taxas de ressarcimento institucional correspondentes a um percentual (entre 10% e 30%) dos valores pagos pelos laboratórios.
Caetano confirmou que não repassou a porcentagem do valor das pesquisas feitas por ele. Segundo ele, o convênio para a pesquisa foi feito com a Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica, da qual foi presidente, e não com a Unicamp.
O psiquiatra disse que teve a aprovação do Conselho de Ética Médica para realizar a pesquisa e que em nenhum momento foi pedido para que ele repassasse uma porcentagem do valor da pesquisa para a universidade.
O psiquiatra afirmou também que as pesquisas foram realizadas com a ajuda de médicos-residentes da Unicamp. Segundo ele, todos os profissionais foram pagos para ajudar na pesquisa.

Texto Anterior: Mangueira lança novo projeto para crianças
Próximo Texto: Paulistano vai ao litoral a 5 km/h
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.