São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-juiz nega à polícia ter participado de 'suborno'

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani disse ontem à polícia que não ajudou de nenhuma forma o Botafogo no Campeonato Paulista da Série A-2 de 1995.
Ele prestou depoimento ontem à tarde no prédio da Delegacia Geral de Polícia, em São Paulo.
Catani voltou a dizer que mentiu nas conversas da "fita do suborno".
A gravação contém conversas entre Catani e o jornalista Alexandre Reis, que usou o nome falso de Luís Augusto Soares, ocorridas entre 26 e 28 de setembro. Na época, Reis trabalhava na rádio CMN, de Ribeirão Preto (SP).
Na fita, Catani afirmou ter recebido dinheiro do presidente do Botafogo, Laerte Alves, para fraudar arbitragens em favor do clube.
Disse ainda que tinha em seu poder três cheques de Alves devolvidos por falta de fundos.
O Botafogo terminou a Série A-2 em terceiro lugar e conseguiu uma vaga para a Série A-1 em 96.
As informações sobre o depoimento de Catani foram dadas por seu advogado, José Izar, que o acompanhou na polícia.
O delegado Silvio Tinti, que chefia as apurações, e o promotor Antonio Alvarenga Neto estão proibidos de dar informação porque o inquérito está sob sigilo.
Catani se negou outra vez a falar com a Folha. "Já disse que não tenho nada para declarar", foi sua única frase.
Segundo Izar, Catani voltou a afirmar que não conhece Alves e que os números do CPF e da conta bancária do presidente do Botafogo, citados por ele na gravação, lhe foram passados por Reis.
Na fita, Catani diz também já ter "trabalhado" para outros clubes como Corinthians, Palmeiras, União São João, Botafogo-RJ e Bangu (RJ). Todos os clubes negaram envolvimento.
O ex-juiz depôs ontem das 17h às 18h30 na Divisão de Comunicação Comunitária. Foi acompanhado do filho, José Carlos.
Catani prestou depoimento como testemunha. Por isso, estava obrigado a dizer a verdade, sob pena de ser processado por falso testemunho.
O ex-árbitro não foi depor por iniciativa própria. Foi conduzido pela polícia, que tinha um mandado de busca. Chegou às 14h. O depoimento só começou às 17h.

Texto Anterior: Rogério Romero bate recorde
Próximo Texto: ENTENDA O CASO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.