São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Cena pop reflete o sentimento com glamour

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

O tédio também aparece na cena pop, como contrapeso ao glamour. Nos anos 60, a banda Velvet Underground, ainda sob o comando do artista plástico Andy Wharhol, recruta uma cantora, Nico, e um dançarino, Gerad Malanga, para injetar ânimo na pequena platéia pouco interessada em sua música sadomasoquista.
Mas foi na Inglaterra que, em 1976, jovens punks manifestaram seu tédio com o país. Na música, uma corrente contra o tédio do rock progressivo nascia com os Sex Pistols. Vestindo uma camiseta com a frase "Odeio Pink Floyd", a banda cria o hino "Pretty Vacant" (Bem Vazio).
Passada a turbulência punk, o tédio ressurge vom força nos anos 80. Em "Heaven Knows I'm Miserable Now", Morrissey (da banda The Smiths) lamenta: "Estava à procura de um trabalho e eu achei um trabalho/O céu sabe que estou miserável agora".
Mas quem melhor traduziu o tédio adolescente em plena era yuppie foi uma nova geração de escritores americanos, liderada por Jay McInerney e Bret Easton Ellis. Livros como "Brilho da Noite, Cidade Grande" e "Abaixo de Zero" mostravam que o excesso de drogas, bebidas e muito sexo não livravam os ricos adolescentes americanos do tédio.
Na década seguinte, o mundo assistia à invasão grunge, movimento liderado por bandas saídas de uma cidade até então pouco badalada: Seattle. O Nirvana de Kurt Cobain -que se suicidou no ano passado- bradava em "Smells Like Teen Spirit": "Estamos aqui agora/divirta-nos".
Mas o clássico do tédio está registrado na introdução do videoclipe de Michael Jackson para "Remember the Time", em que a modelo Iman choraminga para Eddie Murphy: "Estou entediada! Será que meu faraó não pode fazer nada para entreter sua rainha?".
(EJ)

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