São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Desastre foi causado por erro humano

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A causa mais provável da queda do avião da American Airlines que ia de Miami (EUA) para Cali (Colômbia) em 20 de dezembro passado foi falha humana.
A informação foi divulgada anteontem à noite pelo DACC (Departamento de Aviação Civil da Colômbia), que está coordenando as investigações.
O avião ia de Miami para Cali com 167 pessoas a bordo. Poucos minutos antes de aterrissar, se chocou contra uma montanha e explodiu. Apenas quatro passageiros e um cachorro sobreviveram.
Segundo Rodrigo Cabrera, presidente do órgão, os exames concluíram que não houve falha mecânica. Também está definitivamente descartada a hipótese de atentado terrorista.
As gravações extraídas da caixa-preta do avião (onde ficam armazenadas todas as informações sobre o vôo) mostraram que a tripulação estava perdida e que havia descumprido normas obrigatórias de segurança antes de aterrissar.
Piloto e co-piloto não discutiram como efetuariam o pouso (procedimento padrão) e pularam a inspeção dos equipamentos.
A gravação também indicou que, na hora do acidente, a tripulação estava conversando sobre a próxima escala de trabalho dos comissários de bordo em vez de discutir a aterrissagem. O DACC não quis divulgar o conteúdo integral das gravações.
Quando se chocou contra a montanha, o Boeing-757/200 estava 20,8 quilômetros à esquerda da rota original, local onde fica a cadeia de montanhas.
O desvio aconteceu enquanto o avião sobrevoava a cidade de Tulula. A tripulação percebeu o erro e tentou corrigir a rota, virando a aeronave para a direita.
Logo depois, o alarme da cabine começou a tocar indicando a proximidade da montanha. O piloto tentou ganhar altitude posicionando o nariz do avião para cima e aumentando a velocidade, mas não conseguiu porque os "flaps" (freios) da asa estavam acionados.
O DACC afirmou que não sabe explicar por que o piloto não tentou desativar os "flaps".
Familiares das vítimas já entraram em contato com advogados para exigir indenização da American Airlines. Cada família deverá receber em média US$ 750 mil.
Segundo a firma de advocacia de Aaron Pondhurts, baseada em Miami e especializada em acidentes aéreos, como houve falha humana será mais fácil conseguir a indenização.
A American Airlines emitiu ontem comunicado lamentando que eventuais falhas da tripulação tenham contribuído para o acidente.
A FAA (Federal Aviation Administration) afirmou que irá investigar o programa de treinamento de pessoal da American Airlines para ver se houve negligência da companhia aérea.

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