São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Peru move tropa na fronteira, diz prefeito

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O prefeito de Tumbes, cidade peruana que fica próxima ao Equador, disse ontem ter notado "movimento anormais" de tropas de seu país na fronteira.
Foi o segundo dia seguido de incidentes na região fronteiriça.
Peru e Equador mantiveram um conflito de fronteira por cerca de um mês, entre janeiro e fevereiro deste ano. A disputa está sendo mediada por Brasil, Chile, Argentina e Estados Unidos.
O Estado-Maior peruano negou a movimentação militar, atribuindo-a a "habituais trocas de guarnições no fim de ano".
Na quarta-feira, o governo peruano acusou o Equador de invadir com 27 aviões seu espaço aéreo e de ter disparado, por meio de uma patrulha no rio Pastaza, contra um posto de fronteira.
O Peru diz que suas tropas responderam e rechaçaram a invasão. Não houve registro de vítimas.
O chanceler do Equador, Galo Leoro, negou a invasão aérea, mas não comentou a troca de tiros no rio. Ele prometeu fazer o possível para encontrar uma saída negociada para o conflito.
Leoro disse que falou com seu colega peruano, Francisco Tudela, e com representantes dos países mediadores para desmentir oficialmente as acusações.
Os dois países disputam a cordilheira do Condor e a nascente do rio Cenepa.
A constatação do prefeito da litorânea Tumbes reforça a suspeita da retomada do conflito na região de fronteira entre os dois países.
O jornal "El Comercio", de Lima, afirmou ontem que os equatorianos construíram recentemente trincheiras reforçadas junto ao canal internacional que separa os países nos arredores de Tumbes.
No início do ano, a imprensa peruana apoiou firmemente o esforço de guerra do governo. Já a imprensa equatoriana qualificou as acusações peruanas como "uma desculpa para retomar a guerra".
A posição de várias autoridades equatorianas foi tentar qualificar o Peru como provocador. "As acusações são realmente lamentáveis. São mentiras que eu não sei como julgar", disse um comandante militar equatoriano à agência de notícias "Reuter".
Segundo o governo do Equador, a comissão de observadores militares dos países mediadores do acordo mantém o controle sobre a região em conflito. Pelo acordo de paz, a área está desmilitarizada.
O Equador pediu a Brasil, Chile, Argentina e EUA (países avalistas da paz) que emitam um parecer sobre a troca de acusações.
O general Jorge Ortega, comandante do Estado-Maior equatoriano, disse que o país não comprará mais armas e se manterá equipado "para sua defesa".
A disputa pela região começou em 1941. Brasil, Chile, Argentina e Estados Unidos medeiam o processo de paz porque foram os garantes (avalistas) do acordo firmado em 1942.

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