São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 1995
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Locomotiva de museu

As marias-fumaça foram símbolo de uma época no Brasil. Hoje, há até locomotivas expostas em praça pública como peças de museu. Com a renovação da intervenção do BC no Banespa por mais um ano o Banco do Estado corre o risco de ter o mesmo destino das velhas marias movidas a lenha.
Há quem afirme que essa renovação é meramente formal, pois tudo seria resolvido em semanas. É difícil crer. As negociações emperraram outra vez. O governador não quer privatizar, mas também não quer pagar os juros que passaria a dever ao Tesouro para reassumir o Banespa. Tampouco aceita vender as estatais paulistas mais saudáveis.
Além dos aeroportos, cuja exploração seria cedida à União, o que parece "privatizável" para o governador é uma Fepasa carregada de dívidas. Para o governo paulista, a malha ferroviária vale R$ 7 bilhões. Para o BNDES, R$ 3,6 bilhões.
Assim, adia-se a solução para o Banespa e até para o Tesouro do Estado, que começará o ano sem um horizonte definido. Trata-se de um encaminhamento oposto ao adotado no Rio de Janeiro. Lá, o Estado está tomando medidas visando à privatização do Banerj.
A "locomotiva" paulista, que de certa forma o Banespa já simbolizou, continua portanto estacionada, em parte, ironicamente, por desavenças na avaliação da rede ferroviária. Do estacionamento ao museu, pode ser um pequeno passo.

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