São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Plano Real mantém estável a avaliação do presidente

Plano obtém 72% de bom; FHC recebe 41% de avaliação positiva

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

A melhor "obra" de Fernando Henrique Cardoso não é do presidente, mas do ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso: o Plano Real.
É a conclusão inevitável que se extrai das pesquisas do Datafolha sobre a avaliação de Fernando Henrique ao completar um ano de governo e do Real ao chegar a seus 18 meses de vida.
A popularidade do Real continua elevadíssima e é crescente: 72% dos 12.495 pesquisados consideram-no "bom" para o país, mais do que os 68% de setembro e os 69% de junho.
Já a popularidade do presidente não se moveu quase nada desde março, quando 39% julgavam "ótima/boa" a sua gestão. Agora, são 41%, uma variação estatisticamente desprezível.
O Real como alavanca do prestígio presidencial aparece também quando se pergunta se o plano está sendo bom para o entrevistado, em vez de para o país. São 67% os que respondem que sim, contra 62% na pesquisa anterior, realizada em setembro.
A pesquisa mostra que a popularidade do presidente recuperou pouco da queda abrupta ocorrida entre as vésperas da posse e o primeiro mês de governo, quando o "ótimo/bom" recuou de 70% para praticamente a metade (36%).
Essa reduzida recuperação reflete-se, claramente, na nota média atribuída ao governo, que se manteve em torno de 6 desde que o Datafolha introduziu esse item na sua pesquisa de avaliação, em março. FHC oscilou de 6 para 6,1 em junho, para 6,3 em setembro e 6,2 em dezembro.
Comparado a seus três antecessores mais imediatos, Fernando Henrique ganha com muita folga de Fernando Collor. Mas, em relação a Itamar Franco e José Sarney, a diferença já não é tão grande.
É considerado melhor do que Itamar Franco por 55% dos pesquisados, mas 40% acham que Itamar era melhor (16%) ou igual (24%) a Fernando Henrique.
Com Sarney, aparece a menor diferença: FHC é melhor para 49%, mas igual ou pior para 43%.
No caso Collor, a vantagem do atual presidente é esmagadora: 75% julgam-no superior a Collor; apenas 21% acham que ele é igual (13%) ou pior (8%).
Já o Plano Real é um sucesso em todos os itens em que se subdivide a pesquisa.
É aplaudido por sólidas maiorias, sempre próximas de três quartos dos pesquisados, nas regiões metropolitanas e no interior, pelos que ganham até 10 salários mínimos e pelos que recebem mais de 20 mínimos, pelos que foram apenas até o 1º grau como pelos que têm escolaridade superior.
A única exceção é o Rio Grande do Sul, Estado em que apenas 50% acham que o plano é bom para o próprio pesquisado e 55% consideram-no bom para o país.
No Rio Grande do Sul, aliás, ocorre um empate entre os que acham que o Plano Real está sendo bom pessoalmente (50%) e aqueles que preferem considerá-lo ruim (37%) ou indiferente (12%), o que soma 49%.
Como decorrência, é também nesse Estado que FHC tem sua pior avaliação: 26% de ótimo/bom e outros 26% de ruim/péssimo, ficando uma maioria relativa (47%) com o morno regular.
É o único dos 12 Estados pesquisados em que o "ótimo/bom" não ganha do "ruim/péssimo".
Nem os petistas e pedetistas, teoricamente os maiores opositores do governo, são tão negativos na avaliação do Real. Entre os adeptos do PT, 62% acham o plano bom para o país, taxa que sobe a 68% entre os pedetistas.
A pesquisa Datafolha é um levantamento estatístico por amostragem estratificada por sexo e idade, com sorteio aleatório dos entrevistados. Neste levantamento, realizado entre os dias 12 e 15 de dezembro de 1995, foram realizadas 12.495 entrevistas, distribuídas em 396 municípios de todas as unidades da Federação. A margem de erro desse processo de amostragem é de um ponto percentual para mais ou para menos. O Datafolha é dirigido pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino e a estatística Renata Nunes César. A direção comercial é de Eneida Nogueira e Silva.

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