São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Desafio de FHC em 1996 é zerar déficit público para manter Real

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso chega ao final de seu primeiro ano de governo com uma única marca forte e que, na verdade, antecede a sua posse: a do Plano Real.
Introduzido em julho de 1994, quando FHC já havia deixado o Ministério da Fazenda para candidatar-se à Presidência, o plano carregou-o até o Palácio do Planalto, em outubro daquele ano, e, até agora, é o pilar de uma popularidade relativamente elevada.
Pesquisa do Datafolha feita em todo o país mostra que 41% dos brasileiros consideram "ótimo/bom" o desempenho do governo nesse primeiro ano.
Como não foi feita obra física alguma e há críticas, até no governo, em relação às políticas sociais, o lógico é supor-se que o bom resultado obtido por FHC se deve à popularidade do Real, aprovado por 72% dos entrevistados.
Mas, em 1996, o desafio para manter-se a estabilidade econômica é o mesmo que o próprio FHC definiu ainda como ministro da Fazenda: zerar o déficit público, ou seja, empatar a arrecadação com as despesas.
Neste ponto, 95 foi um ano perdido, tanto que o governo teve de recorrer à prorrogação, com novo nome, do Fundo Social de Emergência, agora Fundo de Estabilização Fiscal. Desafio ainda mais complicado por ser 96 ano de eleições municipais. Nessa circunstância, a tendência natural dos administradores é gastar mais, para tentar eleger seus candidatos.
Além disso, o governo chega ao final do ano em condições políticas mais complicadas do que até um mês e meio atrás. O PFL, monolítico até então no apoio ao governo, mostra agora reticências decorrentes do episódio da pasta rosa, que envolveu dois de seus caciques, os Magalhães (Luís Eduardo, presidente da Câmara, e Antônio Carlos, senador pela Bahia).
É razoável supor que o pleito municipal acirrará as contradições entre o PFL e o PSDB de FHC, já que serão fatalmente adversários em cidades politicamente importantes.
Além do PFL, o próprio governo identifica outro complicador, até mais importante, na figura do ex-presidente José Sarney. A pesquisa, aliás, só tende a aguçar o apetite político de Sarney. Afinal, ele quase empata com FHC, que é considerado melhor presidente do que Sarney por 49% dos pesquisados, contra 43% que o julgam pior ou igual.

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