São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Sobrevivente se despede do infeliz ano velho

DA REPORTAGEM LOCAL

À meia-noite de hoje, um grupo de brasileiros estará se despedindo deste ano com um quê de alívio e tristeza.
São os sobreviventes de 95. Pessoas que estiveram perto da morte, mas escaparam de tragédias como o terremoto de Kobe, no Japão, explosões de casas de fogos, quedas de muro e de aviões ou que ficaram 17 horas sendo arrastados por correntezas dentro de bueiros.
Os sobreviventes mais otimistas enxergam 1996 como um ano a ser desfrutado depois de terem "nascido de novo".
Aqueles que saíram ilesos de catástrofes, mas perderam parentes ou amigos, vão considerar 95 como um infeliz ano velho.
A alegria do Ano Novo será comemorada, por exemplo, pelos garotos Alexandre Amâncio da Silva, 15, e Otacílio Pereira da Fonseca Júnior, 16.
Silva escapou da morte em um acidente de avião em São Paulo. Detalhe, ele estava no chão e, apesar da boa sorte, afirma que dinheiro algum o faz entrar em um avião. Gosta mesmo é de outro meio de transporte. Quer ganhar uma mobilette no ano que vem.
Júnior foi levado por três quilômetros pela correnteza dentro das galerias que escoam a água da chuva em Belo Horizonte. Já passou por 12 cirurgias. Agora, espera poder voltar à capoeira em 96.
Já o fotógrafo Sidnei Mitsuiuky Antunes da Silva, apesar de ter sobrevivido ao terremoto que devastou a cidade japonesa de Kobe, quer esquecer este ano.
Ele foi tentar uma vida melhor no Japão. Estava lá havia 28 dias quando perdeu a mulher, o filho e a cunhada na catástrofe. Nunca mais quer voltar àquele país.
A carioca Roberta Rodrigues de Barros Campos, que estava no carro com o jogador Edmundo no acidente em que morreram três pessoas, afirma esperar duas coisas de 96. Paz e poder voltar a estudar.

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