São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Garoto sonha com muro do Ipiranga até hoje

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu estava pressentindo uma desgraça naquele dia". A premonição foi do garoto Júlio César do Carmo, 16, que sobreviveu ao desabamento de uma parede de 7 metros de altura por 100 metros de comprimento sobre nove veículos -incluindo o caminhão em que estava com o irmão e um amigo, que morreram na hora.
O acidente ocorreu no dia 21 de julho na avenida do Estado, no Ipiranga (zona sul de São Paulo).
No momento da queda, 13h15 de uma sexta-feira, uma forte chuva de granizo atingia a região.
Cerca de 175 toneladas de tijolos caíram sobre a pista.
Júlio César ia com o irmão Carlos Aparecido, 18, e o vizinho Márcio, 15, a Diadema (Grande São Paulo) onde recolheriam entulhos de uma construção.
"Quando eu vi aquela chuva forte eu comecei a pensar que alguma coisa ruim ia acontecer. Cheguei a comentar com o meu irmão e o meu amigo que achava que o mundo ia acabar para a gente", contou Júlio César.
Ele disse que se lembra apenas do momento em que a parede começou a desabar. "O que aconteceu depois não sei", disse.
A tragédia mudou a vida de Júlio. "Hoje eu não saio muito de casa e ainda sonho com o acidente", afirmou.
Júlio, que perdeu movimento de dois dedos da mão esquerda, disse que espera receber indenização pela destruição do caminhão do pai.
"O meu pai gastou mais de R$ 30 mil para consertar o caminhão, está endividado, e ainda não recebeu nada", afirmou Júlio.
Ele disse que ainda não passou pelo local do acidente, mas que não o tem evitado.
(AL)

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