São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Diagnóstico rápido pode salvar criança com leucemia

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Palidez, febre, sangramentos pelo nariz e pela boca e manchas roxas pelo corpo são os sinais do câncer mais comum na infância -a leucemia linfóide aguda.
A doença -que surge de uma hora para outra- pode levar à morte em poucos meses.
A faixa etária mais comum para o aparecimento desse tipo de câncer são as crianças de três a oito anos de idade. A rapidez do diagnóstico e o início precoce do tratamento podem salvar o paciente.
Nas leucemias agudas, a medula óssea -tecido que está dentro dos ossos- deixa de produzir células de defesa (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas (estruturas que participam da coagulação do sangue).
As células de defesa são substituídas por blastos -células jovens e imaturas-, que são incapazes de proteger o corpo contra os microorganismos. Essa é a principal causa das infecções e da febre.
Os blastos- que acabam ocupando todo o espaço da medula, impossibilitam o crescimento das hemácias e das plaquetas -causando fraqueza, palidez e sangramentos pelas mucosas.
Beatriz Beitler de Mauriño, chefe da divisão de imunologia da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, explica que o diagnóstico laboratorial das leucemias é feito por meio da análise do sangue e da medula óssea (que é retirada de dentro dos ossos com auxílio de uma agulha especial).
O tratamento utiliza várias drogas (poliquimioterapia) que agem em pontos diferentes do ciclo de vida das células. As drogas acabam destruindo os blastos que se "alojam" na medula. Com isso, as células geradoras das células do sangue voltam a crescer.
A remissão da doença é verificada no final do primeiro mês de tratamento -os blastos devem desaparecer e células de defesa, hemácias e plaquetas devem voltar à circulação sanguínea.
Segundo Beatriz, nos meses seguintes, reforços com quimioterapia (ciclos de consolidação) são feitos para prevenir uma recidiva (volta) da doença. A criança é considerada curada quando não apresenta sinais de leucemia nos cinco anos seguintes. Após esse período, a chance de uma recidiva da doença é reduzida.
A remissão na leucemia linfóide aguda atinge cerca de 90% das crianças. Em cinco anos, o índice de cura é de 70 a 80%.
Quando a leucemia linfóide aguda alcança adultos o prognóstico é pior. Outro tipo de leucemia aguda atinge mais os adultos jovens -é a leucemia mielóide aguda. Beatriz diz que os sintomas são parecidos com a leucemia aguda das crianças e a instalação da doença também é abrupta. O tratamento deve ser iniciado assim que o diagnóstico for feito. O índice de remissão é de cerca de 70%, mas, em cinco anos, a possibilidade de cura cai para 20% dos casos.

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