São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Relatório prevê que temperatura da Terra suba quatro graus até 2100

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Relatório divulgado pelo Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas, formado por mais de 1.500 especialistas de todo o mundo, fez previsões catastróficas sobre os efeitos próximos do aquecimento global, segundo divulgou a revista "Time".
O aquecimento, que em um século chegou a subir 0,5%, ameaça atingir quatro graus no ano 2100, número que marcou o fim da última Idade do Gelo (glaciação).
Com esse aumento, o relatório prevê a subida do nível dos oceanos pelo descongelamento das geleiras e a expansão das águas pelo aquecimento, o aumento de calor nos invernos em surtos brutais, e até mortíferos, aumento das chuvas com crescentes inundações e agravamento das secas em lugares sujeitos a esses fenômenos (pelo aumento na evaporação), fortalecimento dos furacões e mudanças imprevisíveis nos padrões de temperatura e precipitação.
Muitos especialistas minimizam essas previsões, alegando o exemplo de outras que malograram. Mas os modeladores do tempo estão agora mais confiantes nos resultados atuais, quer pelo uso de mais modernos supercomputadores, quer pela introdução de fator antes desprezado -a ação das partículas de aerossol provenientes dos gases dos escapamentos e da fumaça industrial, que contribuem para o efeito estufa.
Os especialistas adquiriram mais confiança em suas previsões depois do acerto delas após a erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas.
O relatório reclama drásticas e imediatas providências que afetam praticamente quase todos os aspectos da vida e implicariam verdadeira revolução social, do ponto de vista estrutural.
As emissões de gás carbônico e semelhantes teriam de voltar aos níveis de 1990. E, para terminar de vez com o aumento do aquecimento global, segundo pelo menos um especialista, teríamos de voltar aos níveis de 1920.
Pelo que se vê, as previsões são sombrias, e os remédios, praticamente impossíveis em grande parte. O consolo é que, nas previsões, mesmo nas mais elaboradas, há pontos duvidosos. Além de ser muito grande a margem de erro.
Mas parece evidente -e os fatos estão demonstrando- que caminhamos para uma situação de perigo, e todas as providências devem ser tomadas para evitar o pior.
Artigo publicado na revista "Nature" claramente relaciona com o aquecimento global o aumento das chuvas, quanto à gravidade, nos Estados Unidos.
É preciso também não esquecer as mortes da última onda de calor em Chicago. São prenúncios nada agradáveis.

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