São Paulo, domingo, 31 de dezembro de 1995
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Paz interessa a brasileiros

RICARDO BONALUME NETO
DO ENVIADO ESPECIAL

A paz em Angola interessa também a empresas brasileiras. A infra-estrutura da Unavem e os aquartelamentos dos soldados desmobilizados da Unita estão sendo construídos pela construtora Odebrecht conjuntamente com a Raytheon (a mesma do Sivam).
Além dos 1.124 brasileiros nas forças de paz, existem centenas de outros no país, trabalhando em várias áreas, incluindo um bom número de missionários religiosos.
A Braspetro vai investir US$ 66 milhões em 96 em Angola para expandir a exploração de petróleo no país -seu maior investimento no exterior.
A Odebrecht tem interesse em terminar a hidrelétrica de Capanda, que bastaria para suprir todo o país de energia. O canteiro de obras foi destruído pela Unita.
A empresa brasileira também deve reiniciar a exploração de diamantes (ironicamente, um investimento anterior em diamantes hoje é fonte de recursos da Unita, que capturou áreas diamantíferas nas regiões das Lundas e deu a um consórcio estrangeiro para operar).
A ironia vai mais longe no caso do brasileiro Marco Antonio Vega, gerente regional em Huambo da Odebrecht. Em 92, quando a Unita invadiu a hidrelétrica de Capanda, ele ficou preso cinco dias por guerrilheiros, antes de ser resgatado pela Força Aérea Brasileira.
Hoje, é responsável por 7 das 15 áreas de aquartelamento que receberão os guerrilheiros da Unita. De hóspede involuntário da guerrilha, passou a hospedeiro.
(RBN)

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