São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Sarney é escolhido presidente do Senado

MARTA SALOMON; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney (PMDB-AP) será o novo presidente do Senado e do Congresso Nacional. Ele foi escolhido por 13 dos 22 senadores de seu partido.
O regimento da Casa assegura ao PMDB a presidência da Mesa Diretora por ter a maior bancada. Concorreram também ao os senadores Pedro Simon (RS), que teve cinco votos, e Iris Rezende (GO), que obteve quatro votos.
Sarney saiu vitorioso nas três votações (presidência, liderança e secretaria da Mesa) que mobilizaram ontem a bancada peemedebista. Simon perdeu todas as disputas.
Com um ofensivo corpo-a-corpo, o senador do Amapá ainda garantiu a eleição do segundo-secretário da Mesa, Renan Calheiros (AL) e do novo líder da bancada, Jader Barbalho (PA), que prometeu intermediar os pedidos dos colegas junto aos ministérios.
A caça aos votos virou a madrugada e terminou minutos antes da votação. Gerson Camata (ES) só desceu do muro na manhã de ontem, quando ainda era computado como eleitor potencial dos três candidatos à presidência.
Na véspera, o novato Ramez Tebet (MS) também se aliou a Sarney, pressionado por interlocutores do candidato com a lembrança de que fora o superintendente da Sudeco (Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste) nomeado pelo ex-presidente.
Tebet foi um dos casos de troca de favor admitidos pelos aliados do vencedor.
Na noite anterior, os três paraibanos —Humberto Lucena, Ronaldo Cunha Lima e Ney Suassuna— também fecharam com Sarney. "Os pais do Sarney são paraibanos, de Riachão do Bacamarte, uma coisa muito simpática", tentou justificar Suassuna, que prometera votar em Iris.
A eleição do novo presidente do Senado dá força às bancadas do Norte e Nordeste, revoltadas com a tentativa dos gaúchos de deterem a hegemonia no partido.
Os aliados de Simon, José Fogaça (RS) e Cassildo Maldaner (SC), perderam as disputas pela liderança e a segunda-secretaria, respectivamente.
A maior surpresa ficou por conta das "traições" a Iris. "Eu contava com pelo menos mais três votos, mas os meus concorrentes foram mais competentes", lamentou o goiano, certo de que disputaria o segundo turno com Sarney. Ficou apenas com os votos de Goiás e de Carlos Bezerra (MT).
A eleição de Sarney foi liquidada com uma votação, após quase três horas de discursos. Ele começou prometendo modernizar o Senado e foi acusado por Simon de não representar o PMDB.
Sarney respondeu foi à réplica contra o concorrente, que deu ênfase à sua trajetória no partido. Iris insistiu em negar qualquer ligação com o candidato derrotado do partido à Presidência da República, Orestes Quércia.
A mulher de Iris foi vice da chapa quercista. Os debates não foram gravados.

Votaram em José Sarney: Flaviano Mello e Nabor Júnior (AC), Renan Calheiros (AL), Sarney e Gilvan Borges (AP), Gilberto Miranda (AM), Jader Barbalho (PA), Fernando Bezerra (RN), Gerson Camata (ES), Ramez Tebet (MS), Humberto Lucena, Ney Suassuna e Ronaldo Cunha Lima (PB). Votaram em Pedro Simon: Roberto Requião (PR), Casildo Maldoner (SC), José Fogaça (RS), Coutinho Jorge (PA) e ele próprio. Votaram em Iris Rezende: Mauro Miranda, Onofre Quinan e Iris (GO), e Carlos Bezerra (MT).

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