São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Velho" Congresso é casa de desesperados

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até ontem, último dia do "velho" Congresso, o Legislativo era a casa dos desesperados: quem não conseguiu se reeleger gastou o tempo que restava para juntar papéis e se despedir.
Alguns, como o deputado Jesus Tajra (PFL-PI), pedem para rasgar tudo que acumularam.
Muito mais magro, o ex-quase vice de Luiz Inácio Lula da Silva, José Paulo Bisol (PSB-RS), já tinha, na sexta-feira passada, empilhado todos os seus papéis.
Quem olha o Bisol sem mandato de hoje tem a impressão que alguma chama se apagou. Antes definido como "a paixão com braços", não gesticula nem sorri.
Depois do caso da emenda superfaturada que assinou, pensa em escrever um livro sobre o poder da mídia e está convencido de que todo o episódio foi uma "trama".
Também derrotado na campanha para o governo do Pará, o senador Jarbas Passarinho (PPR) deixa a vida pública após três mandatos, mas não pretende deixar de frequentar a Casa.
Semana passada, ao encontrar com o primeiro-secretário Júlio Campos (PFL-MT), não resistiu em pedir o broche de parlamentar, que dá acesso ao Congresso.
Já o senador Áureo Mello (PRN-AM) sonha alto. Ao lado da pilha de livros de poesia que publicou como parlamentar na gráfica oficial, dispara: "Quero ser adido cultural. Estive nos EUA agora, tomei gosto pelo exterior".
Foi sua primeira viagem a outro país. "Esse negócio de inglês, quando começa a enrolar, não se entende nada", diz o poeta monoglota, que tem medo de avião.
O deputado Maurílio Ferreira Lima (PSDB-PE), derrotado na disputa para o Senado, quer ficar em Brasília, provavelmente com um cargo no governo.
Ferreira Lima pode ser a primeira vítima da tristeza dos não-reeleitos: amigos seus atribuem à falta de rumo ocasionada pela perda do mandato o enfarte sofrido por ele este mês.

Texto Anterior: Sarney é escolhido presidente do Senado
Próximo Texto: Gasto com obras dá para construir 640 casas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.