São Paulo, quarta-feira, 1 de fevereiro de 1995
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Liberais criticam 'excesso de liberalismo'

GABRIELA WOLTHERS; SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aliados do governo auto-intitulados liberais estão reclamando do excesso de liberalismo das propostas de reformas da Constituição feitas pela equipe de FHC.
As alterações propostas para a Previdência, por exemplo, encontram resistências especialmente do PL (Partido Liberal), mas também do PTB e do PP.
Os líderes desses partidos avaliam que será difícil aprovar as mudanças na Previdência porque elas são consideradas impopulares e podem acarretar desgaste nas bases eleitorais dos parlamentares.
O PL foi a maior surpresa do seminário no qual ministros explicaram as reformas na Constituição que o governo pretende fazer. O presidente do partido, Álvaro Valle, saiu criticando o que ele considera um "liberalismo excessivo" do governo.
"Estamos contentes porque todos viraram liberais", disse Valle, em tom irônico. "Por isso, nós, do PL, é que teremos agora de pensar no social, nos pobres".
Valle reclamou também que "o governo só fala em iniciativa privada". E completou: "Só se esqueceu que o Plano Real não traz nenhum milagre para o país. Parece que o problema social desapareceu no Brasil".
"Em tema constitucional, nada é homogêneo, e não se pode confundir aliado com alienado", declarou o líder do PTB na Câmara, deputado Nelson Trad (MT).
O presidente do PP, Álvaro Dias, concorda: "Não tenho dúvidas de que a reforma da Previdência será a mais difícil de aprovar, porque é a mais radical".
No Palácio da Alvorada, ao receber os parlamentares que haviam participado da reunião com os ministros, FHC inovou em relação às reuniões anteriores. Subiu alguns degraus da escadaria do salão e fez um rápido discurso.
Pediu "coragem" aos parlamentares para apoiar medidas impopulares da reforma constitucional. "Estas medidas aparentemente impopulares exigem coragem. Mas o momento é de ter coragem, para ajudar o Brasil".
FHC orientou ontem todos os ministros, inclusive os das pastas militares, que procurem atender, na medida do possível, a todos os pleitos dos parlamentares. O objetivo é garantir base no Congresso para as reformas.

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